segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

ESTUDO COMPARADO DOS SISTEMAS ECONÔMICOS. Capitalismo de mercado x Comunismo, Capitalismo de estado.

Capitalismo de mercado x Comunismo, Capitalismo de estado.

Artigo escrito em maio/1996 para explicar que o pensamento liberal nasceu objetivando limitar o poder discricionário das autoridades (monarquia absolutista, uma forma de centralização do poder) através de NORMAS (que é o princípio fundamental do liberalismo). No liberalismo o poder deve ser da norma e não da autoridade.
A definição de pensamento liberal era agredida diariamente nos jornais e por acadêmicos desonestos ou ignorantes (os alunos que estudaram em apostilas aprenderam errado).

Todos os sistemas econômicos são CAPITALISTAS, inclusive o COMUNISMO. A diferença é a propriedade do Capital, no capitalismo ela é privada, no comunismo ela é do estado. 

1) CAPITALISMO: Economia de mercado. O liberalismo é a forma mais evoluída do capitalismo (a menor presença estatal possível, a maior quando necessária). O Capitalismo de estado é uma variante que facilita a corrupção e agrega muito dos pontos negativos do comunismo. Na verdade todos os sistemas econômicos são CAPITALISTAS, inclusive o COMUNISMO. A diferença é a propriedade do Capital, no capitalismo ela é privada, no comunismo ela é do estado.  
O capitalismo é um regime econômico onde são permitidos o Lucro e a Propriedade Privada como forma de estímulo à produção e ao crescimento econômico. Para que a propriedade privada e o lucro aconteçam é necessário que a economia seja livre (para ser livre ela precisa das regras do jogo fixadas antecipadamente). Por isso o Capitalismo é também chamado de economia Liberal ou de Mercado. O liberalismo fundamenta-se na existência de NORMAS que regulem as regras do jogo (um dos princípios) e que limitem o poder discricionário dos governos ou dos mais fortes (governo ou monopólios). O governo intervém para buscar o Bem Comum e evitar desequilíbrios entre os agentes econômicos (através de leis e órgãos reguladores), defendendo os consumidores e a concorrência. A poupança nacional é individual e gerida individualmente. As empresas, para conseguir lucro e a sobrevivência procuram produzir de acordo com as necessidades e os desejos dos consumidores. Os preços são livres. Utiliza os talentos existentes na população para produzir e dirigir. Em tese utiliza todos os cérebros existentes no país. Os proprietários, buscando o lucro, buscam também os melhores dirigentes e ganhos constantes de produtividade (desenvolvimento e melhoria contínua são o caminho da sobrevivência). 

2) COMUNISMO: Economia planificada e com direção centralizada. Por seus princípios básicos o comunismo não permite o liberalismo, seu funcionamento exige um regime totalitário e autoritário (partido único inclusive). Regime econômico onde não são permitidos o Lucro e a Propriedade Privada. Para que isto aconteça é necessário que o governo atue em lugar dos agentes econômicos, planificando e centralizando a direção. Por este motivo, é chamada de Economia Planificada, Centralizada, Dirigida. A poupança nacional é gerida pelo governo. A produção procura ganhos de escala e tem pouco compromisso com as necessidades e vontades dos consumidores. Os preços são controlados. A planificação centralizada da economia induz a um regime político autoritário e com eliminação das liberdades individuais. Utiliza os funcionários públicos para dirigir e planificar. Nem sempre são os melhores talentos (na prática formam uma burocracia elitizada e privilegiada). Não priorizando o lucro, não priorizam ganhos de produtividade.  A produção, sendo planificada e centralizada, não procura atender os desejos dos clientes (consumidores), produzindo-se, em consequência, produtos desatualizados. Os comunistas procuram ganhar em economia de escala e produzir a custos menores, mas, na prática, os custos menores são para produtos de qualidade muito inferior. O comunismo procura melhorar a distribuição da renda, mas o produto não crescendo não há o que distribuir (a pobreza generaliza-se). A prática mostrou acontecer faltas de produtos e filas para compras, além de elite dirigente corrupta.

J. M.  Keynes: "os regimes autoritários contemporâneos parecem resolver o problema do desemprego à custa da eficiência e da liberdade."

QUADROS SINTÉTICOS COM DIFERENÇAS PRINCIPAIS.
VARIÁVEIS ECONÔMICAS
LIBERAIS (economia de mercado) e CONSERVADORES
COMUNISTAS (esquerda, socialistas, economia planificada, centralizada)
LUCRO
SIM
NÃO
PROPRIEDADE
SIM
NÃO
HERANÇA
SIM (tributação mínima)
NÃO (tributação máxima)
PREÇOS
MERCADO
Controlados
PRODUÇÃO
MERCADO
Planificada
COMÉRCIO
LIVRE
Planificado
ESTATAIS
MÍNIMO
MÁXIMO
TRIBUTAÇÃO
MÍNIMA
MÁXIMA
ESTADO: OPERAR E REGULAR
SÓ Regular (funciona sem norma não normatize)
REGULAR E OPERAR

VARIÁVEIS POLÍTICAS
LIBERAIS (direita, economia de mercado) e CONSERVADORES
COMUNISTAS (esquerda, socialistas, economia planificada, centralizada)
DIREITO DE IR E VIR
Sim
Não
LIBERDADE DE EXPRESSÃO
Sim
Não
LIBERDADE DE IMPRENSA
Sim
Não
LIBERDADE POLÍTICA
Sim
Não
PARTIDO POLÍTICO
Livre
Único.


VARIÁVEIS CULTURAIS
(COSTUMES).

CONSERVADORES
LIBERAIS
ESQUERDA
RELIGIÃO COSTUMES
Religiosos tradicionais
Religiosos, Laicos e progressistas. Abertos ao novo
Laicos
ABORTO
Contra e criminaliza
Contra, mas não criminaliza
Contra, mas não criminaliza
INSTITUIÇÕES
Tradicionais, democratas conservadores
Aberto ao novo, defendem a liberdade e democracia
Governo centralizado, ditadura
GOVERNO
Forte e centralizado, mas democrata
Descentralizado, com mais poderes a estados e municípios.
Forte, centralizado




3) CAPITALISMO (características e fundamentos):

Qualidade - De acordo com o mercado e a vontade dos consumidores.
Sobrevivência - A luta pelo mercado e pela sobrevivência induz a um processo de busca de melhoria contínua. O fator de produção evolução tecnológica provoca ganhos de produtividade e o desenvolvimento contínuo.
Preservação - O direito de herança induz à Preservação (poupança).
Problemas - Distribuição de Renda, Monopólios, Oligopólios, Controles de Mercado, Desemprego, Juros.

4) COMUNISMO (características e fundamentos):

Qualidade - De acordo com planejadores (funcionários públicos gestores). Não obedece a vontade dos consumidores. A evolução tecnológica e o desenvolvimento são mais lentos.
Sobrevivência - Determinada pelos gestores públicos. Não se submetem ao julgamento do mercado (consumidores) e do lucro (eficácia). Empresas deficitárias generalizam-se.
Preservação - Não existindo o direito de herança, elimina-se o maior indutor da preservação (poupança), que é o amor pelos filhos.
Problemas – Qualidade, Produtividade, Não crescimento econômico, Autoritarismo e Totalitarismo. Faltas de produtos, filas para compras e corrupção por parte da elite dirigente.

5) PROBLEMAS DO CAPITALISMO

a) Distribuição de Renda - Existe ainda, no capitalismo brasileiro, um segmento da economia onde a gerência não é individual, mas coletiva. É a gerência das poupanças dos trabalhadores destinadas às aposentadorias. São geridas pelos governos (Brasil, Europa, modelo Comunista) ou por fundos de pensão (gerência coletiva, sem fiscalização adequada e sem a utilização das competências e dos interesses individuais), onde o modelo gerencial aproxima-se mais do coletivismo do que do individualismo. Enfim, se os trabalhadores são obrigados a entregar suas poupanças para serem geridas por governos, por sindicatos ou por gerência coletiva, podemos dizer que grupos de interesses menos competentes e atuantes assumem a gerência beneficiando-se em detrimento de outros, que são prejudicados no Falso Sistema Capitalista, sendo obrigados a renunciar ao maior benefício do modelo econômico que é a liberdade de gerenciar suas poupanças. A má gerência dos governos e dos fundos de pensão dilapida a poupança dos trabalhadores (FGTS, FAT, INSS). Não tendo compromisso com os trabalhadores, não procuram a melhor rentabilidade e segurança para aplicar suas poupanças, optando sempre por projetos políticos (de viabilidade duvidosa), que pagam comissões ou vantagens. A consequência é a falta de compromisso com a segurança e a rentabilidade. Não prioriza as aplicações das poupanças para os empreendedores mais eficientes com projetos de melhores  viabilidades (mais  seguros e rentáveis). A poupança não sendo aplicada nos projetos mais rentáveis, não consegue o máximo crescimento econômico (sustentado) e o aumento da renda per capita.

b) Monopólios - Oligopólios - Controles de Mercado

Sendo o Capitalismo o regime econômico de livre mercado, ele traz dentro de si o germe de sua destruição (o excesso de liberdade), que permite a grupos de interesses dominarem segmentos da economia, eliminando a concorrência (não existindo concorrência, não existe livre mercado, nem capitalismo liberal). Estes grupos de interesses são os oligopólios ou monopólios. Existem segmentos da economia que são monopólios ou oligopólios naturais (rede de esgoto, rede elétrica, usinas hidroelétricas, etc.) e outros onde o livre mercado leva à concorrência excessiva ou predatória (os mais fortes eliminam os mais fracos e dominam o mercado). Da mesma maneira que a legislação oficializou a ideia de Bem Comum, hoje aceita por todos, ela deve procurar, permanente e continuadamente, evitar que o livre mercado e a concorrência sejam eliminados através do domínio de segmentos de mercado por grupos de interesses (o preço da liberdade, do livre mercado e da livre concorrência, é a eterna vigilância e a ação corretiva imediata). Para isto, devem ser feitas Leis de Proteção aos Consumidores e à Liberdade de Mercado (Livre Concorrência). Medidas econômicas de proteção à livre concorrência e aos consumidores devem ser tomadas, como facilitar as importações, financiar novos produtores e importadores, ou outras,  até que o equilíbrio volte a acontecer.

c) Emprego - Juros

Os agentes econômicos são os Trabalhadores, os Empresários (investidores) e os Capitalistas (poupadores). Apesar de parceiros no interesse final da economia, seus interesses particulares podem ser contrários. A luta contínua por ganhos de produtividade, pelas empresas, reduz a quantidade de empregos ofertados, reduzindo, em consequência, o Consumo (C) e a  procura (D) pelos produtos  das empresas. Os Trabalhadores por serem o maior contingente da economia, detêm a maior parte da Renda e da Poupança nacional. Os Empresários (investidores) buscam recursos com os Bancos (intermediários entre poupadores e investidores), procurando pagar a menor taxa de juros. Os Poupadores (os trabalhadores detêm a maior parte da Poupança Nacional) buscam a maior taxa de juros para suas Poupanças. Como as taxas de juros altas reduzem o Consumo ( C ), reduzem também o nível de  emprego e os novos Investimentos (I). Para mediar este problema, os governos procuram controlar as taxas de juros através dos Bancos Centrais e de seus Bancos de Desenvolvimento, ofertando recursos para Investimentos a juros baixos. Entretanto, para combater a inflação provocada por déficits do governo (corruptos, fracos, inconsequentes), aumenta-se a taxa de juros a níveis que induzam a redução da procura global (em consequência, ocorre desemprego).

6) PENSAMENTO LIBERAL

Substituir a ordem natural, espontânea e complexa dos mercados (infinitos interesses pessoais) pelas limitações do planejamento centralizado, dirigido por burocratas de governos (totalitários e autocráticos, onde a corrupção é facilitada), é o caminho do empobrecimento.  
O pensamento liberal defende e aceita um poder normativo (mais normas e menos poder discricionário de autoridades) e defensor da concorrência e dos interesses dos consumidores (não existe liberalismo sem concorrência). RESUMINDO: A MENOR PRESENÇA ESTATAL POSSÍVEL, A MAIOR QUANDO NECESSÁRIA. 

7) O Liberalismo é uma doutrina ou corrente de pensamento que defende a liberdade individual (os direitos individuais e civis), a livre iniciativa, o governo democrático (baseado no livre consentimento dos governados e estabelecido com base em eleições livres), a liberdade de expressão, a defesa da concorrência, instituições que obedeçam a lei igual para todos, a transparência, o direito de propriedade. O liberalismo nasceu combatendo o direito divino dos reis (e a hereditariedade), os privilégios da corte, dos militares e o sistema de religião oficial.

AUTORES LIBERAIS (alguns):

Adam Smith, A Riqueza das Nações (1776);
 Milton Friedman, Capitalismo e Liberdade (1962);
José Guilherme Merquior, A Natureza do Processo;
Roberto Campos, Lanterna na Popa;
Norberto Bobbio, Liberalismo e Democracia.
maio /1996.  Marco Aurélio Garcia.


sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

CAUSAS (por ação ou natural), TEMPO E EFEITOS. VARIÁVEIS CONTROLÁVEIS. ARTIFICIALISMO NO CÂMBIO E NA POLÍTICA MONETÁRIA.

CAUSAS (por ação ou natural), TEMPO E EFEITOS.
VARIÁVEIS CONTROLÁVEIS. ARTIFICIALISMO NO CÂMBIO E NA POLÍTICA MONETÁRIA.
A economia é uma ciência dinâmica, sempre um processo em andamento, complexa, o entendimento exige conhecimentos acumulados, sempre tem exceções, os efeitos no curto prazo podem ser diferentes do longo prazo e no primeiro momento diferentes do segundo. Leis ou postulados econômicos são enunciados de tendências. A lógica da teoria econômica é o estudo do equilíbrio e das tendências (e movimentos) das variáveis econômicas (a dinâmica, o processo em constante movimento). A ideia de equilíbrio presume o desequilíbrio. O estudo da evolução da conjuntura econômica (passada, presente e prospectiva) deve definir e analisar as causas e o tempo de início e do desenrolar dos efeitos. As causas podem ser internas e externas, os efeitos virando causa (um processo contínuo), mas isto não permite que se confunda a causa primeira e os efeitos iniciais (o principal erro de leigos e de análises apressadas). Muitos analistas confundem causa com efeito (principalmente experts em outras ciências e leigos em economia).  O estudo da economia (a ação e os efeitos) dos países que emitem moedas aceitas como reservas e meio de pagamentos mundial deve ter o entendimento considerando este fato.

Podemos dividir, pragmaticamente, os planos econômicos em:  

      a)    Política Fiscal (orçamento e sua execução). A relação carga tributária PIB, gastos correntes produtivos e improdutivos (meios e fins), investimentos públicos produtivos e improdutivos, saldo primário e nominal, dívida pública (TN);
       b)    Política Monetária. A liquidez (depósitos compulsórios), o crédito, a curva de juros de mercado, a taxa básica de juros, o IOF, a compra e venda de títulos do TN, a regulamentação bancária, inclusive a prudencial;
       c)    Política Cambial. O sistema cambial, flutuante ou administrado. Compra e venda de moeda pelo BC, operações de futuros (swaps), IOF, prazos mínimos para empréstimos externos e outras formas de fluxo. A taxa de câmbio pode ser a de mercado ou artificial, resultado de ações administrativas dos BCs.

As variáveis econômicas podem ser Controláveis:  
a)    Diretamente. A taxa básica, uma ação, uma causa;
b)    Indiretamente. A taxa de juros de mercado de curto e de longo prazo, efeitos.
Podem também ser divididas em:
         a)    Exógenas. São as que influenciam outras variáveis, mas não são influenciadas por elas. Exemplo: A emissão de moeda e os gastos do governo dependem da ação da autoridade econômica;
        b)    Endógenas. São as que influenciam e são influenciadas. Exemplo: consumo, produto, etc.
CÂMBIO ADMINISTRADO OU FLUTUANTE?
O câmbio de equilíbrio é aquele que for bom para a maioria.  Nunca será bom para todos. Se for ruim para os consumidores não é bom para a economia. Não existe liberalismo sem livre concorrência (com regras do jogo que a protejam), assim como não existem consistentes ganhos de produtividade, competitividade e avanços tecnológicos, com reservas de mercados ou privilégios, qualquer que seja ele (inclusive proteção cambial, mesmo que escondido atrás de artificialismos).
CÂMBIO FLUTUANTE COMO SOLUÇÃO DO MERCADO LIVRE (Milton Friedman).
“A instabilidade das taxas de câmbio é um sintoma da instabilidade da estrutura econômica subjacente. A eliminação de tais sintomas pelo congelamento administrativo das taxas cambiais não corrige nenhuma das dificuldades subjacentes e só torna o ajustamento a elas ainda mais penoso.”
O CÂMBIO ADMINISTRADO é o resultado da vontade de um burocrata de governo. Pode ser fixado acima ou abaixo do de equilíbrio (o resultante das forças de mercado, o flutuante), será sempre um valor artificial, prejudicando uns e favorecendo outros. É vulnerável à corrupção.
Taxa de Câmbio Real x Taxa Nominal: a taxa de câmbio, independente do regime adotado, sempre tenderá para a real, pois esta independe do regime cambial adotado. A taxa de câmbio administrada sempre tenderá para a real (flutuante).

 MOEDA DESVALORIZADA (artificialmente):
 Movimento de Capitais –
  a) facilita a entrada de capitais (os ativos, bolsa, imóveis, empresas e mercadorias     do país ficam baratos);
  b) incentiva operações de crédito em moeda estrangeira para investimentos;
  c) obriga autoridade monetária a comprar a moeda estrangeira (para evitar a desvalorização dela), monetizando a economia (obrigando o BC a fazer operações de política monetária, retirar moeda pátria do mercado para evitar a inflação), aumentando as reservas (financiamento de país possuidor de moeda reserva). O aumento das reservas transmite segurança e valoriza a moeda pátria;
  d) se a taxa de juro de equilíbrio interna (a que não provoca inflação) for maior que a externa mais o spread cobrado para o país poderá motivar entradas de divisas;
Exportações e Importações - 
   a) favorece as exportações (artificialmente);
   b) encarece produtos importados e exportados cotados em dólar (dificulta o controle da inflação), inclusive custo de energia, tecnologia e maquinários;
   c) exportadores de produtos com cotação em dólar aumentam seus lucros artificialmente;
  d) incentiva segmentos sem vantagens comparativas, com baixo nível de eficiência e de produtividade em relação ao exterior a aventurarem-se a exportar (é um peso para o resto da economia, pois consomem fatores de produção que poderiam ser utilizados por setores competitivos tornando-os mais competitivos ainda);
  e) alguns segmentos podem ganhar competitividade com o tempo;
  f) provoca superávits no balanço comercial.
Crescimento: pode provocar um período de crescimento que não se sustentará com o tempo (todas as medidas artificiais têm seu tempo de duração). Piora a qualidade de vida (reduz poder de compra do povo).
MOEDA VALORIZADA (artificialmente):
  Movimento de Capitais –
3.1) MOEDA DESVALORIZADA (artificialmente):
 Movimento de Capitais –
   a) facilita a entrada de capitais (os ativos, bolsa, imóveis, empresas e mercadorias do país ficam baratos);
   b) incentiva operações de crédito em moeda estrangeira para investimentos;
   c) obriga autoridade monetária a comprar moeda estrangeira, monetizando a economia (obrigando operações de política monetária), aumentando as reservas (financiamento de país possuidor de moeda reserva);
   d) se a taxa de juro de equilíbrio interna (a que não provoca inflação) for maior que a taxa externa mais o spread cobrado do país, não motivará saída de capitais e poderá motivar entradas;
Exportações e Importações - 
   a) favorece as exportações (artificialmente);
   b) encarece produtos importados e exportados cotados em dólar (dificulta o controle da inflação), inclusive custo de energia, tecnologia e maquinários;
   c) exportadores de produtos com cotação em dólar aumentam seus lucros artificialmente;
  d) incentiva segmentos sem vantagens comparativas, com baixo nível de eficiência e de produtividade em relação ao exterior a aventurarem-se a exportar (é um peso para o resto da economia, pois consomem fatores de produção que poderiam ser utilizados por setores competitivos tornando-os mais competitivos ainda);   
  e) alguns segmentos podem ganhar competitividade com o tempo;
  f) provoca superávits no balanço comercial.
Crescimento: pode provocar um período de crescimento que não se sustentará com o tempo (todas as medidas artificiais têm seu tempo de duração). Piora a qualidade de vida (reduz poder de compra do povo).
3.2) MOEDA VALORIZADA (artificialmente):
  Movimento de Capitais –
    a) afasta a entrada e estimula a saída de capitais (os ativos do país ficam valorizados);
    b) a crença de não sustentabilidade abala confiança na estabilidade cambial;
    c) estimula investimentos no exterior.
 Exportações e Importações –
    a) dificulta exportações e estimula importações;    
    b) reduz preços (artificialmente) de produtos importados (facilita compra de tecnologia e maquinários) e facilita o combate à inflação;
   c) exportadores recebem menos Reais para as exportações dos produtos cotados em dólar (reduz preços internos e lucros dos exportadores);
   d) dificulta industrialização do país (produtos importados ficam com preços competitivos).
   e) provoca déficits no balanço comercial.
Crescimento: melhora a qualidade de vida do povo (artificialmente). É insustentável a médio ou longo prazo.

O REGIME DE METAS DE INFLAÇÃO:
   a) A eficácia da política monetária depende em grande medida da sua CREDIBILIDADE;
 b) Uma COMUNICAÇÃO  eficaz e o compromisso com a TRANSPARÊNCIA são fundamentais;
 c) A coordenação das EXPECTATIVAS exige explicações racionais e consistentes por parte do BC;
 d) O BC determina a taxa de juros de curtíssimo prazo (TAXA SELIC), mas a transmissão da política monetária se dá por meio das taxas de mercado em diferentes horizontes, que não são controladas pela autoridade monetária;
 e) é possível ocorrer um descasamento entre a taxa selic e as taxas de mercado, se os agentes anteciparem mudanças da política monetária, ou em períodos de incerteza ou ainda em períodos em que a política monetária perde CREDIBILIDADE.

A RESPEITO DE POLÍTICA MONETÁRIA:
 1) Sozinha não resolve problemas microeconômicos, estruturais ou setoriais. A ESTABILIDADE MONETÁRIA É CONDIÇÃO NECESSÁRIA (mas não o suficiente) AO DESENVOLVIMENTO E AO CRESCIMENTO ECONÔMICO;
  2) A moeda neutra permite que o equilíbrio nas relações tenha como efeito uma taxa de crescimento consistente e sustentável;
  3) A emissão de moeda não provoca crescimento sustentado (provoca bolhas e crises);
 4) A política monetária deve contribuir para um ambiente de ESTABILIDADE  e de PREVISIBILIDADE, permitindo o alongamento do planejamento e das operações (das famílias e das empresas);
   5) A estabilidade e a previsibilidade são condições para redução das taxas de juros reais e consequentemente do crescimento do PIB;
  6) A TAXA BÁSICA DE JURO É O PRINCIPAL INSTRUMENTO DA POLÍTICA MONETÁRIA (errando nela errou em tudo);
 7) A DETERMINAÇÃO DA TAXA BÁSICA IDEAL DEVE OBEDECER A AÇÃO IMPESSOAL DOS MERCADOS (um grande número de agentes, com interesses, gera resultados superiores aos alcançados pelo poder discricionário dos planejamentos centralizados). O PONTO DA CURVA DE JURO DE MERCADO MAIS NEGOCIADO É O MAIS PRÓXIMO DA TAXA NEUTRA (OU DE EQUILÍBRIO);
  8) O REGIME DE TAXA DE CÂMBIO FLUTUANTE É NECESSÁRIO PARA QUE A POLÍTICA MONETÁRIA NÃO PROVOQUE DESEQUILÍBRIOS NO BALANÇO DE PAGAMENTOS.  08/2008.
TEMPO ENTRE CAUSAS E EFEITOS: existe sempre um tempo entre a ação gerencial (a causa) da autoridade econômica (ou outra) e o início dos efeitos, que podem ser crescentes (iniciar lentamente). As causas podem também ser internas, naturais ou externas.
A taxa básica deve ser fixada acima ou abaixo da de equilíbrio dependendo da conjuntura atual e da prospectiva.
MAGECONOMIA. 12/2014. Artigos já publicados.
  

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

ECONOMIA MONETÁRIA E EUGÊNIO GUDIN, UMA HOMENAGEM.


ECONOMIA MONETÁRIA E EUGÊNIO GUDIN, UMA HOMENAGEM.

Em 11/02/2012 publiquei a postagem “ECONOMISTAS BRASILEIROS - IMPORTANTES E 
QUE ESTAVAM CERTOS” onde listei apenas quatro nomes (apesar de inúmeros outros também merecerem a menção), Eugênio Gudin, Roberto Campos, Mário Henrique Simonsen e Armínio Fraga (de fato são quatro economistas que fizeram história). EUGÊNIO GUDIN foi quem introduziu o estudo da economia (fez o curso) e a profissão de economista no Brasil (foi um dos fundadores da FGV). Escreveu o livro PRINCÍPIOS DE ECONOMIA MONETÁRIA (ótimo para a época e bom até hoje). Autor de diversos artigos em jornais e estudos. Na época da ditadura do pensamento keynesiano conseguiu ter o bom senso de salvar-se. Foi professor de Moeda e Crédito da Faculdade de Ciências Econômicas da UNB.

Jovem ainda, filho de comerciantes, conhecedor de fluxo de caixa e sabendo a diferença entre duplicata, fatura e fatura duplicata, lia Roberto Campos e Gudin nas revistas e jornais. Apaixonei-me pela economia lendo-os. Na década de 60 do século passado, no segundo ano do curso de economia, fui apresentado ao livro “Princípios de Economia Monetária” de autoria de Gudin. Apesar de, na época, ter considerado a matéria fácil, hoje reconheço que não tinha cultura acumulada nem a maturidade necessária para entender a complexidade do assunto e sua importância.

A seguir transcrevo um trecho de seu livro analisando a teoria quantitativa:

“Assim é que, partindo da teoria quantitativa como uma simples relação entre meios de pagamento e preços, fomos gradativamente levados pela análise mais acurada das causas que influem sobre os preços, a introduzir novas variáveis. Além dos fatores monetários, como a melhoria da produtividade, volume do emprego, contágio internacional etc., outros fatores monetários, além da renda e dos encaixes monetários hão de ser considerados: a quase-moeda, o grau de liquidez, a taxa de juros, o capital e os salários.
À medida que a análise vai crescendo em complexidade, atenua-se a simples predominância da ação direta da quantidade da moeda sobre os preços. Mas a multiplicidade dos fatores que podem exercer ação sobre a procura e os preços não importa em equipará-los quanto a sua importância. Abstraindo dos elementos monetários, inclusive o volume do emprego, a procura e os preços dependem, predominantemente, da renda ou das disponibilidades monetárias.
Nos países de organização financeira complexa, em que os títulos do tipo quase-moeda são de vulto, a situação de liquidez geral do sistema tem, como escreve a Comissão Radcliffe, um papel importante. Mas é preciso não esquecer que, mesmo nesses países, ninguém resgata dívidas nem faz pagamentos com títulos e sim com moeda, escritural ou manual, e que se o Banco Central não suprisse a provisão necessária dessa moeda, a liquidez dos títulos passaria a ser inoperante.”         
   
Discorre sobre a relação entre o aumento dos salários e a melhoria da produtividade, inflação reprimida, política fiscal apropriada, a influência da taxa de juros no curto prazo sobre a liquidez e a longo prazo sobre os investimentos. Discute sobre a dificuldade (devido à complexidade) de definir corretamente o que é causa e efeito (na análise da evolução e no andamento das atividades econômicas. A diferença entre análise estática e dinâmica, o andamento do processo). Discorre sobre as expectativas de rendimentos dos capitais a investir (taxa de juros ex-ante e ex-post). Confirma a necessidade de estabilidade monetária para que ocorra o crescimento sustentável do PIB. Sobre déficit orçamentário escreve: na depressão, o déficit orçamentário é até, por vezes, recomendável; na inflação, inteiramente condenável. Hão de conjugar sempre as duas políticas, a monetária e a fiscal.


terça-feira, 11 de novembro de 2014

BALANÇO DE PAGAMENTOS

BALANÇO DE PAGAMENTOS - US$ milhões - SET./2014.   2014P é previsão do BC.
CONTAS 2009 2010 2011 2012 2013 09/2014 2014P
1- BAL. COMERCIAL 25347 20267 29796 19431 2558 -696 10000
 1.1- Exportações 152995 201915 256040 242580 242179 173635 255000
 1.2- Importações -127637 -181649 226243 -223149 239621 174330 245000
2- BAL. SERV. E RENDAS -52945 -70630 -85225 -76523 -87325 -63130 -91100
 2.1) RENDAS x -39567 -47319 -35448 -39773 -27496 -39400
  2.1.1- Juros -9069 -9682 -9719 -11847 -14244 -9666 -12900
  2.1.2 - Divid. e Lucros -25218 -30375 -38166 -24112 -26045 -18090 -27000
  2.1.3 - Salários x 498 567 511 516 260 600
  2.2) SERVIÇOS x -30807 -37906 -41075 -47552 -35634 -51700
  2.2.1 - Viagens x -10503 -14459 -15588 -18632 -14213 -19000
  2.2.2 - Transpotes x -6406 -8335 -8769 -9786 -6810 -11200
  2.2.3 - Aluguel Equip. x -13752 -16669 -18741 -19060 -16161 -21000
  2.2.4 - Outros x -147 1558 2022 -46 1550 -500
  2.3- OUTROS -18659 X X X x x x
3- TRANSF. UNILAT. 3263 2845 2816 2846 3364 1095 4000
4- TRANS. CORRENTES -24334 -47518 -52612 -54246 -81374 -62730 -78000
5- CONTA CAPITAL e FINAN. 70551 100102 111868 72762 73778 78736 98500
6- BAL. PGTO. Saldo 46217 52584 59256 20516 -7596. 16006 20500
6.1) PIB cresc. % -0,3 7,5 2,6 1,0 2,3 x X
7- AJUSTES  LIQUID. +1496 3063 -8713 +558 -6743 3929 X
8- RESERVAS - CAIXA 238520 288575 352073 373147 358808 375513 379308
8 - RESERVAS - LIQUIDEZ 239054 288575 352073 378560 375794 375713 396294
 8.1) Aumento Res. L. 34532 49521 63498 26487 -14339 16705 20500
A) a1) Fluxo Com. saldo 9924 -1650 43950 8373 11136 3488 X
   a2) Fluxo Finan. saldo 18808 26004 21329 8380 -23396 -2145 X
   a3) Fluxo Total saldo 28732 24354 65279 16753 -12261 1343 X
9- Dívida Ext . 282,3 350,44 402,4 441,8 485 541,4 X
   9.1- Pública 77,1 83,60 62,3 67,3 70,8 74,3 X
   9.2- Privada 125,4 172,07 235,1 249,6 241,2 264,3 X
   9.3- Entre Empresas 79,8 94,77 105,0 124,9 173 202,8 X
10- Dív..  Mobil. int. TN 09/14 1398,4 1603,9 1783 1916,7 2028 2079 2100
11- SRF - REC. admin. 09/14 698,3 805,7 939 1029 1138 831,6 1300

  EXPORTAÇÕES   IMPORTAÇÕES
SALDO
MES 2013 2014 2013 2014 2013 2014
JAN 15968 16027 20003 20084 -4035 -4057
FEV 15551 15934 16827 18059 -1276 -2125
MAR 19323 17628 19159 17516 164 112
ABR 20632 19724 21626 19218 -994 506
MAI 21824 20752 21064 20400 760 712
JUN 21227 20468 18833 18103 2394 2365
JUL 20807 23025 22704 21450 -1897 1575
AGO 21425 20463 20199 19297 1226 1167
SET 20996 19617 18849 20556 2147 -939
OUT 22822 18330 23046 19507 -224 -1871
NOV 20862 x 19122 x 1740 x
DEZ 20846 x 18192 x 2654 x
TOT. 242178 191965 239617 193836 2561 -1177