sábado, 26 de dezembro de 2015

PREÇOS DAS COMMODITIES E FED FUNDS.

PREÇOS DAS COMMODITIES E FED FUNDS.

As tabelas abaixo demonstram a evolução dos preços das principais commodities mundiais e da taxa básica de juro dos USA Fed Funds. Vemos que o preço do ouro subiu mesmo quando o Fed Funds subiu para 5,25% em 2006. Todos os preços das commodities (exceção para o açúcar) subiram em 2006 apesar da alta da taxa básica do Fed. Em 2008 a crise ficou escancarada com a queda dos preços dos imóveis americanos e a quebra dos bancos, o sub-prime (quase todos salvos pelo Fed). De 2008 a 10/2015 a taxa básica dos USA caiu e manteve-se em 0,25%, o ouro subiu para US$ 1.567,00 em 2011 e em 11/2015 estava em US$ 1.066,00. O petróleo Brent passou de US$ 28,66 em 2002 para US$ 110.80 em 2013 caindo para US$ 44,61 em 11/2015. Especialistas dizem que a US$ 44,61 a exploração do pré-sal brasileiro fica antieconômica. Ajudando a inflação brasileira o petróleo Brent e o trigo caiu o preço 22% em 2015. O café caiu 30%. A soja caiu 13%. Não fosse isto a pressão inflacionária seria muito maior. O Brasil perdeu com a queda dos preços do petróleo em relação aos investimentos no pré-sal, mas ganhou nas importações.

ÍNDICES COMMODITIES - IC Br. BC
DATA
IC Br
CRB
Composto
Agropec.
Metais
Energia
2005 Dez.
100
100
100
100
100
2006
105,06
103,23
143,62
75,01
112,16
2007
100,17
101,04
115,92
81,71
107,37
2008
102,64
115,29
81,95
79,57
107,13
2009
99,32
107,51
102,11
67,89
105,89
2010
124,77
137,62
122,98
81,06
124,71
2011
124,34
136,96
109,72
92,00
128,29
2012
137,40
149,06
131,39
100,68
146,45
2012 %
10,51
8,84
19,75
9,44
14,16
2013
151,90
166,87
132,06
115,51
164,77
2014
149,44
167,80
144,70
88,67
171,17
2015
141,76
161,73
138,60
74,87
164,34
% ano
-5,14
-3,62
-4,21
-15,56
-3,99
11/2015
179,18
208,19
155,61
97,94
211,51
% ano
19,90
24,07
7,54
10,45
23,78
% 12 meses
18,41
25,30
6,20
-3,93
25,51
Agropecuária: carne de boi e de porco, algodão, óleo de soja, trigo, café.
Metais: alumínio, minério de ferro, cobre, estanho, zinco, chumbo e níquel.
Energia: petróleo brent, gás e carvão.
CRB: Commodity Research Bureau (produtos básicos mais sensíveis a mudanças). 
FONTE: BC

COMMODITIES - PREÇOS US$. BC.
DATAS
Fed
fund
OURO
PETR.
Brent.
Milho
Café
Soja
Suco
Laran.
Açucar
Trigo
2002
1,25
348,2
28,66
235,75
60,2
569,5
91,75
7,61
325,0
2003
1,00
416,1
30,17
246,0
64,95
789,0
60,75
5,67
377,0
2004
2,25
438,4
40,46
204,75
103,75
547,75
86,1
9,04
307,5
2005
4,25
518,9
58,98
215,75
107,1
602,0
125,2
14,68
339,3
2006
5,25
638,0
60,86
390,25
126,2
683,5
201,3
11,75
501,0
2007
4,25
838,0
93,85
455,5
136,2
1199
143,6
10,82
885,0
2008
0,25
884,3
45,59
407,0
112,05
972,25
68,55
11,81
610,8
2009
0,25
1096,2
77,93
414,5
135,95
1039,8
124,0
26,95
541,5
2010
0,25
1421,4
94,75
629,0
240,5
1393,8
172,35
32,12
794,3
2011
0,25
1566,8
107,38
646,5
226,85
1198,5
169,0
23,30
652,75
2012
0,25
1675,8
111,11
698,25
143,80
1418,7
116,05
19,51
778,0
2013
0,25
1202,3
110,80
422,0
110,70
1312,50
136,45
16,41
605,25
2014
0,25
1184,1
57,33
397,0
166,60
1019,25
140,25
14,52
589,75
11/2015
0,50
1065,80
44,61
365,00
116,90
881,00
141,75
14,93
460,00
% mês
x
-6,62
-9,99
-4,51
-3,35
-0,31
5,27
2,82
-11,88
% ano
x
-9,99
-22,19
-8,06
-29,83
-13,56
1,21
2,82
-22,00
% 12 meses
x
-9,31
-36,41
-2,86
-37,37
-13,29
-4,77
-4,23
-20,31

Fonte BC e MAGECONOMIA 12/2015.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

PIB EFETIVO (o realizado) x PIB POTENCIAL (o possível) x SELIC.


PIB EFETIVO (o realizado) x PIB POTENCIAL (o possível) x SELIC.

Estará o PIB efetivo abaixo do potencial? A economia brasileira estava rodando acima do possível (PIB potencial), sendo sustentada por déficit externo (US$ 104 bi. negativos em transações correntes). A velocidade da demanda muito superior à da oferta interna (as importações complementavam). Energia elétrica, gás, aeroportos, portos, estradas, utilizados acima do sustentável (gargalos insuperáveis estavam previstos). A causa? Taxa básica abaixo da adequada, gastos públicos correntes subindo acima da inflação, déficits fiscais acima do aceitável, preços reprimidos, inclusive câmbio, tudo forçando a demanda acima do sustentável. A confiança e a previsibilidade perto de zero e a aversão ao lucro pelo governo desmotivaram os investimentos.  Relação de trocas (preços de produtos exportados x importados) caindo desfavoravelmente ao país (as commodities exportadas pelo país caíram muito de preço). O rompimento da barragem de minério da SAMARCO em Mariana, provavelmente foi ocasionada pelo boom de exportações forçando a utilização da mesma acima da capacidade (drenos utilizados acima da capacidade).
COMENTO: o PIB efetivo estava muito acima do potencial, a infraestrutura básica repleta de gargalos, novos investimentos em queda. Os ajustes iniciados em 2015, liberação dos preços reprimidos, inclusive câmbio e aumento da Selic, não acompanhados pelo necessário superávit fiscal primário, reduziram o PIB efetivo (a recessão), mas não conseguiram reverter a inflação ascendente.
COMENTO AINDA: Selic alta, mas abaixo da necessária é semelhante a antibiótico insuficiente, faz mais mal do que bem. Por que a inflação ficou ascendente apesar dos aumentos da Selic? Porque os aumentos foram insuficientes. Os juros de mercado futuros (a parte longa da curva) passaram de ascendentes para descendentes quando Levy anunciou o primeiro superávit primário. Escrevi uma postagem comemorando a vitória do BC: 
http://mageconomia.blogspot.com.br/2015/07/avitoria-do-bc-contra-o-proceso.html,

 OS JUROS LONGOS DE MERCADO PASSARAM DE ASCENDENTES PARA DESCENDENTES. Quando noticiaram que o superávit primário não seria conseguido os juros longos de mercado passaram de descendentes para ascendentes (a parte longa da curva reverteu de descendente para ascendente). Os juros reais ex-post (efetivamente realizados) calculados pelo critério CDI (ou Selic) – IRF – IPCA ou IGPM ficaram todo o ano de 2015 negativos. A Economia Monetária ensina que quando os juros reais ex-post ficam abaixo dos ex-ante (previstos) e negativos, entramos em um processo de agravamento inflacionário. Desde o plano real nenhuma inflação ascendente conseguiu ser revertida com juro básico abaixo do DI 360. Se a inflação está ascendente significa que a contaminação e a demanda continuam pressionando os preços. Sem demanda que a sustente não existe inflação ascendente (exceção para a inercial. Esperamos que não permitam que retorne). Taxa básica negativa não reverte inflação ascendente. O PIB potencial será atingido quando o processo inflacionário conseguir ser revertido. Até lá são afirmações sem base em dados que a sustentem. O PIB efetivo e potencial serão equilibrados (harmonizados) quando a inflação for revertida. O primeiro aviso da queda da inflação são as expectativas influenciando a queda dos juros longos de mercado. MAG 12/2015.       


domingo, 20 de dezembro de 2015

EXPLICANDO INFLAÇÃO PARA LEIGOS.


EXPLICANDO INFLAÇÃO PARA LEIGOS.

INFLAÇÃO ocorre quando acontece aumento generalizado e contínuo dos preços dos bens e serviços (o nível geral dos preços).

CAUSA PRINCIPAL: EXPANSÃO MONETÁRIA SUPERIOR À CAPACIDADE DE CRESCIMENTO DA ECONOMIA (PIB potencial. Existência de fatores de produção) que provoca o efeito da alta generalizada e contínua dos preços. Os aumentos dos preços, podemos ver, são efeitos. A conjuntura (presente e passada) e expectativas são importantes na definição da expansão monetária e na taxa básica de juro adequadas. Nunca ocorreu um processo inflacionário sem expansão monetária e demanda que o sustente. O país que emite a moeda aceita como reserva mundial (o dólar) tem que medir a quantidade de moeda no mercado doméstico e externo (as reservas dos países e os depósitos e aplicações de poupadores estrangeiros em bancos fora do país com liquidez menores que 30 dias), pois podem aumentar a liquidez e a pressão da demanda (interna e externa). Os USA podem expandir sua moeda e os efeitos inflacionários domésticos demorarão mais a ser sentido. Os preços das importações e exportações nos países com economia mais aberta têm influência maior. Apesar da expansão monetária do Fed (com os QE – quantitative easing, expansão monetária) ter provocado efeito sobre os preços das commodities, não aconteceu inflação interna (nos USA). A China manteve os preços de suas exportações quase que sem aumento. O Japão não conseguiu fazer crescimento nem inflação com afrouxamento monetário. Não conseguiu também nem distribuindo bônus para o povo (a alta renda, necessidades já atendidas e a aversão ao risco, impedem o aumento da demanda e da inflação).

FUNDAMENTOS ECONÔMICOS (Teorias Econômicas) devem ser estudados sob as óticas:
a)  De países desenvolvidos (exportadores de capitais);
b)  De países em desenvolvimento (importadores de capitais);
c)  De país emissor de moeda reserva mundial (USA etc.);
d)  De país não emissor de moeda conversível;
e)  De todos os agentes econômicos.
    
ESTAGFLAÇÃO: inflação com estagnação. A corrida preços x expansão monetária.

INFLAÇÃO COM RECESSÃO: ocorre após um período de crescimento artificial provocado por expansão monetária, preços e câmbio reprimidos e taxa básica abaixo da adequada. A demanda fica superior à capacidade de produção interna e é sustentada por importações (e déficits externos). Dizemos que a economia está rodando em um nível superior ao sustentável. Este quadro não tem sustentação e tem que ser revertido, quando são necessários os ajustes (eliminação das medidas conjunturais artificiais e correção das estruturais). A liberação dos preços e do câmbio provoca a inflação que exige aumento do juro básico para evitar a contaminação do nível geral dos preços (índice de difusão = percentual de preços pesquisados com preços em alta). Se for possível fazer saldo fiscal positivo a necessidade de taxa básica é mínima. O poder de compra se reduz com a queda do valor da moeda e por extensão a demanda cai (as importações caem e o déficit externo reduz). Para evitar a contaminação geral dos preços a ferramenta de política monetária mais eficaz é a adequada taxa básica. Após o plano real os reinícios dos processos inflacionários só conseguiram ser revertidos com a taxa básica fixada acima do DI 360 (0,25% acima).

O PROCESSO INFLACIONÁRIO CONSEGUIRÁ SER REVERTIDO SEM MAIS AUMENTOS DE TAXA BÁSICA? A. C. PASTORE, economista racional (ortodoxo) escreveu que sim. Para ele a queda da demanda já provocou a queda do PIB real abaixo do potencial. Dois diretores do BC, com os quais concordo, votaram pelo aumento da Selic. O juro real pelo critério SELIC - IRF - IPCA ou IGPM está negativo todo este ano (e isto provoca inflação).

PREVISÕES BC E FOCUS em 12/2014: para 2015 a previsão para a inflação ficou estável em 6,5% ao ano (real acima de 10%). As informações constam do Boletim Focus divulgado pelo BC. Os especialistas ouvidos pelo (BC) mantiveram a projeção da taxa básica de juros (Selic) do país em 12,50% em 2015.

MÁXIMAS DE ECONOMIA MONETÁRIA:
“Se os juros reais ex-post (acontecidos) são negativos e menores do que os ex-ante (previstos) acontece a perda de poder de compra da moeda mais juros (os poupadores aplicadores passam a ter renda negativa). A taxa de juro perde o poder de ancorar as expectativas inflacionárias.”
“A expansão monetária acima da capacidade de crescimento da economia (PIB potencial) é causa de inflação. Os aumentos dos preços são consequência.”
“A estabilidade monetária (do poder de comora da moeda) é condição necessária, mas não o suficiente, para o crescimento econômico sustentado.” MAG 12/2015
Leia mais em:
http://www.magconsultoria.uaivip.com.br/TABFINANCEIRAS.htm  
http://www.magconsultoria.uaivip.com.br/moeda.htm  
http://www.magconsultoria.uaivip.com.br/JUROSECAMBIO.htm 


quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

SELIC X JUROS LONGOS DE MERCADO.


OS JUROS LONGOS SUBIRAM APÓS O COPOM OPTAR POR NÃO SUBIR A SELIC. NA CONJUNTURA ATUAL A SELIC TEM QUE SUBIR PARA 0,25% ACIMA DO DI 360 ( a única maneira de reverter a inflação de ascendente para descendente, com déficit primário crescente). A POLÍTICA MONETÁRIA (SELIC) TEM QUE SER A ADEQUADA À POLÍTICA FISCAL. 

Se a estabilidade monetária (manutenção do poder de compra da moeda) é condição necessária, mas não o suficiente, para o crescimento sustentado, podemos dizer que uma política monetária inadequada é causa de queda de crescimento. Com política fiscal deficitária a saída é taxa básica adequada.

Comento ainda: desde a instalação do plano Real nunca vi processo inflacionário ascendente ser revertido com selic abaixo do DI 360, nem a contaminação geral dos preços ser evitada. Os juros brasileiros pelo critério CDI­ - IRF -  IPCA ou IGPM tem sido negativo o ano todo. A comparação que os agentes fazem é: juro recebido pela poupança com a minha inflação. IGPM 10,69%;IPAM 10,77%; IPA DI prod. agric. 15,15%; prod. indust. 10,08%. IPCA comercializáveis 7,06%; não comercializáveis 8,23%; monitorados 17,52% (os monitorados contaminam todos os outros preços). As empresas fazem a mesma conta: se a inflação é maior do que os juros que recebo é melhor não desovar estoque. Se a inflação é menor do que os juros que recebo é melhor desovar estoques. Selic alta, mas abaixo da adequada é semelhante a antibiótico: reforça a inflação. Selic adequada faz os juros de LP cederem (a parte longa da curva nominal de juros fica descendente, a inclinação fica negativa). DI 360 = 15,67%; Selic 14,25%.
12/2015

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

REPATRIAMENTO DE CAPITAIS.


SOBRE O REPATRIAMENTO DE CAPITAIS:

1) Vários países já fizeram, inclusive europeus;

2) O repatriamento é limitado a perdão dos crimes de evasão de divisas e sonegação fiscal (não são perdoados crimes de corrupção e outros);

3) Inúmeras vezes a RF e Receitas Estaduais já perdoaram como forma de estimular arrecadação e salvar devedores (os REFIS são exemplos);

4) No momento o interesse do TN é duplo, arrecadar e trazer capitais do exterior. A maioria dos repatriamentos são feitos para trazer capitais do exterior (são os que conseguiram maior sucesso);

5) Grande parte dos recursos no exterior já não são devedores de tributos (prescrição e outros motivos);

6) Entrar com recursos no país é fácil através de empresas que emprestam ou investem internamente (ou de operações de planejamento tributário).

CONSIDERANDO O EXPOSTO ACIMA COMENTO:

1) A repatriação no momento é necessária e muito vantajosa para o país;

2) É a maneira de se conseguir crescimento econômico com mais rapidez e menor custo. Empréstimos têm como contrapartida, juros; investimentos, remessa de lucros (as duas situações são piores do que o repatriamento);

3) CAPITAIS EXTERNOS DE CURTO PRAZO X REPATRIAMENTO - O REPATRIAMENTO É CAPITAL QUE VEM PARA FICAR, A CUSTO ZERO, OS CAPITAIS DE CURTO PRAZO, ALÉM DO CUSTO, JUROS OU LUCROS, VÊM QUANDO NÃO PRECISAMOS E SAEM QUANDO PRECISAMOS;

4) OS CAPITAIS VIRÃO TENDO QUE PAGAR 30%? CLARO QUE NÃO, VIRÁ UMA PARTE QUASE DESPREZÍVEL. COLOCAR DINHEIRO BOM (DÓLAR) NO PAÍS NO MOMENTO SÓ PATRIOTA OU QUEM PRECISA SALVAR NEGÓCIOS QUE JÁ EXISTEM.

5) OS PROGRAMAS DE SUCESSO COBRAM NO MÁXIMO 6% E DÃO PERDÃO AMPLO (EVASÃO E SONEGAÇÃO).

6) SE É BOM PARA O PAÍS COBRAR APENAS 6%? É ÓTIMO. SE DEMORAR MUITO NEM DE GRAÇA IRÃO QUERER VIR. MAG 11/2015 


quarta-feira, 11 de novembro de 2015

A VIRADA DA CURVA DE JURO


A VIRADA DA CURVA DE JURO

Em 14/07/2015 publiquei a postagem abaixo (A VITÓRIA DO BC CONTRA O PROCESSO INFLACIONÁRIO). Como o MF e o Ministério do Planejamento não conseguiram cumprir as promessas de política fiscal (saldo primário) e o BC paralisou os necessários aumentos da Selic, o quadro reverteu. A curva de juro mudou a parte longa para ascendente. Um retrocesso para a economia. 

CURVA DE JUROS DE JURO DE 01/10/2015 ASCENDENTE NA PARTE LONGA.
A VITÓRIA DO BC CONTRA O PROCESSO INFLACIONÁRIO. 14/04/2015.

O BC JÁ VENCEU A LUTA CONTRA O PROCESSO INFLACIONÁRIO, NECESSITA APENAS DE MAIS UM AUMENTO DE 0,5% POR SEGURANÇA. VEJAM OS EFEITOS DA SELIC NAS EXPECTATIVAS DE INFLAÇÃO E DOS JUROS DE LONGO PRAZO. AS CONTAS EXTERNAS TAMBÉM JÁ ESTÃO SE AJUSTANDO.   
A curva de juros abaixo demonstra com clareza os efeitos positivos da política monetária do BC nas expectativas da evolução do processo inflacionário de ascendente para descendente. A curva além de descendente na parte longa também com evolução histórica cadente. Também o Balanço Comercial positivo acima das expectativas mais otimistas. Isto com toda a dificuldade que o governo está encontrando para adequar os gastos a um nível que proporcione o superávit primário projetado (ainda muito baixo em relação ao necessário). Sabemos que o ideal é limitado pelo possível em todas as áreas da vida. Mas o legislativo está fazendo muito pouco a respeito, não elimina privilégios e quando o faz deixa sempre abertura para entendimento divergente pelo judiciário (que também não tem patriotismo na eliminação dos privilégios). Neste sentido podemos responsabilizar o legislativo e o judiciário pela pobreza do Brasil (impedem a eliminação dos gastos improdutivos que sempre privilegiam minorias). Quem autoriza gastos é o legislativo. O executivo está propondo as reduções e pagando o preço com a queda da popularidade. As críticas são corretas, mas aprovar gastos insustentáveis, não aprovar os cortes propostos, é lamber no mesmo coxo da demagogia. O Brasil não pode ficar sujeito a disputas políticas que prejudicam o país. Que aprovem punições severas por mentiras eleitorais, até com perda de mandato, aprovar o errado e deixar de aprovar o correto não é digno.
ABAIXAR A SELIC REDUZ O CUSTO PARA O TN? NÃO. Com uma Selic abaixo da taxa de mercado o TN só conseguirá vender títulos atrelados a ela com deságios crescentes (é um aumento de juro). A credibilidade no BC acaba e se instala o pior dos mundos. Os juros de mercado de LP sobem exponencialmente (a curva de juros fica ascendente), sempre querendo ganhar da expectativa de inflação. O custo de captação para o TN sobe (os negócios de LP reduzem-se por insegurança cada vez maior). Apenas o custo da parte do estoque da dívida corrigida por Selic seria reduzido, mas ao custo da desmoralização do BC e da ferramenta mais potente e eficiente de combate e no controle do processo inflacionário.  
A Política Monetária (executada pelo BC) deve ser harmônica com a Política Fiscal (executada pelo executivo), pois uma complementa a outra. 

Abaixo curvas de juros do dia 13/07/2015, de uma semana e de um mês atrás. Vejam a queda dos juros futuros.  

CURVA DE JURO DE 13/07/2015: JUROS LONGOS DESCENDENTES.  





sábado, 7 de novembro de 2015

AS CAUSAS DA RECESSÃO ATUAL.

AS CAUSAS DA RECESSÃO ATUAL.

Definir a causa primeira e principal de um fenômeno (acontecimento, conjuntura passada, presente, futura) econômico é essencial. Sabemos que todo fenômeno econômico é complexo e tem várias causas. Todo efeito passa a ser uma causa de acontecimentos futuros, mas confundir causa e efeito é imperdoável em análise econômica. A recessão atual já foi considerada pelo BCB (em declarações) e pelo governo (ao convidar Levy) como efeito de erro da política apelidada “nova matriz econômica”. Em 1998 publiquei o resumo abaixo em que explicava o ambiente econômico onde o crescimento e o desenvolvimento econômico ocorrem melhor. Este texto é uma tentativa de resumir as principais causas da atual recessão econômica.
Um bom resumo seria: a aversão ao lucro e a desconfiança passada pela equipe econômica e presidente na estabilidade das regras do jogo amedrontou investimentos.

Se a correta política monetária e fiscal são condições necessárias, mas não o suficiente, para o crescimento econômico, podemos responsabilizá-las como causas principais. Pela máxima, errando na taxa básica errou em tudo, podemos também defini-la como uma das causas principais. A análise errada do BCB da conjuntura prospectiva ao fixar a Selic abaixo da correta por tempo elevado, cedendo à pressão política de “desenvolvimentistas” que dominavam o governo também.  
A qualidade (eficiência e eficácia) dos gastos públicos é fundamental para o crescimento econômico (contestado por Keynes que advogava furar e tampar buracos).

A manifesta rejeição à vitoriosa política econômica implantada por Armínio Fraga (governo FHC) denominada de tripé, superávit primário, meta de inflação e câmbio flutuante, também passou insegurança a novos investimentos. A inflação segura através de preços reprimidos, inclusive câmbio (através de operações mensais continuadas e crescentes de swaps cambiais), passou um ambiente de insegurança. É sabido por todos (pragmáticos e economistas racionais) que câmbio administrado se controla apenas por um período, não tem sustentação no tempo.

A falsa riqueza (uma bolha) passada através do câmbio administrado, preços reprimidos, juros básico abaixo do adequado, liquidez crescendo há mais de  10 anos acima do PIB potencial real, colocou a economia rodando em um nível superior ao sustentável no tempo. A demanda crescia em velocidade superior à oferta, ocasionando déficits nas contas externas, Comercial, Serviços, Transações Correntes, insustentáveis no tempo.
Se a economia rodava em um nível superior ao sustentável (a bolha), claro que o ajuste ocasionaria a queda do PIB (recessão, furo da bolha). A riqueza virtual acabou, a bolha furou. Era quebrar ou adequar-se ao sustentável, à realidade. Os erros de política econômica (ou eleitoral) foram imensos e os custos (e sofrimentos) também o serão.

CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO  ECONÔMICO  (AMBIENTES). 10/1998.

O crescimento e o desenvolvimento econômico ocorrem melhor  em AMBIENTES onde:
a) POUPANÇAS E OS INVESTIMENTOS são respeitados e estimulados;  
b) TAXA DE JURO (BÁSICA) seja a menor possível, sem desestabilizar a MOEDA e preservando sua função de RESERVA DE VALOR;
c) GASTOS IMPRODUTIVOS DO GOVERNO são o menor possível (privilegiar as atividades fins em relação às  atividades meio);
d) JUDICIÁRIO é eficiente  (tem credibilidade por parte dos agentes econômicos) e eficaz (ágil e correto);
e) SISTEMA DE  ENSINO atende a toda a população;
f) SISTEMA PREVIDENCIÁRIO estimula a formação de poupança e não permite privilégios;
g) CONTAS PÚBLICAS - exista transparência com publicações de balancetes mensais analíticos;
h) LEGISLATIVO seja eleito democraticamente;
i) EMPREENDEDORES sejam estimulados;
j) A RELAÇÃO CAPITAL X TRABALHO coexista em ambiente de respeito a direitos pactuados;
k) A PRODUTIVIDADE é  estimulada;
l) FATOR DE PRODUÇÃO TECNOLOGIA - existam estímulos para os investimentos que objetivem ganhos  de  PRODUTIVIDADE E INOVAÇÃO;  
m)  DISTRIBUIÇÃO DE RENDA  - exista legislação que promova e proteja uma justa DISTRIBUIÇÃO DE RENDA.
Um bom resumo seria: o respeito à propriedade privada; aos contratos juridicamente perfeitos; à estabilidade das regras do jogo (que devem ser o mais simples possível).
10/1998.