TEORIA QUANTITATIVA DA MOEDA (UMA NOVA ÓTICA)
MOEDA PÁTRIA X ATIVOS X PRODUÇÃO (PIB)
A
Moeda (uma das maiores criações da humanidade) tem como Funções:
a)
Meio de Pagamento (interno e mundial);
b)
Unidade de Medida (unidade contábil interna e mundial);
c)
Reserva de Valor (aceitação interna e mundial).
Para
cumprir suas Funções ela precisa ser estável, não ter inflação nem deflação que
a invalide como Unidade Medida (contábil). Como utilizar um metro que está sempre mudando
o seu comprimento, ou um peso que sempre muda? A moeda é semelhante.
CARACTERÍSTICA
ESSENCIAL da moeda: ACEITAÇÃO (natural e curso forçado).
A
aceitação define uma moeda como de curso mundial (aceitação como meio de
pagamento e reserva.) ou apenas doméstico.
Os
ativos (estoque de riqueza de um país) e a produção (PIB) são medidos em
unidades de moeda. É a unidade de medida que permite registrar (Contabilidade
Nacional, PIB, PNB) quantidades (peso, metros) diferentes e apresentar
balancetes e balanços únicos em valores. A moeda permite a escrituração única
de quilos de ouro, de aço e de trigo (as estatísticas quantitativas complementam).
TEORIA QUANTITATIVA DA MOEDA E EQUAÇÕES QUANTITATIVAS: as equações
quantitativas são expressões matemáticas da teoria. Como todo modelo econômico
é uma representação simplificada da realidade e como tal deve ser entendido. É
um reducionismo. A teoria quantitativa é ampla e desenvolveu-se (e
desenvolve-se) no tempo, não tendo as limitações das equações
quantitativas. A quantidade de moeda
pode ser medida como a seguir:
M0 = Base Monetária = Moeda corrente + Reservas;
M1 = Meio de Pagamento = Oferta Monetária = Moeda Corrente + Dep.
a Vista;
M2 = M1 + dep. investimentos + poupança;
M3 = M2 + fundos investimentos + operações compromissadas;
M4 = M3 + títulos federais Selic.
A
teoria absorveu o estudo de inúmeras variáveis econômicas e de mercado financeiro (em constante e contínua evolução) e seus efeitos no cp e no lp, no
primeiro momento e nos sequenciais (o processo econômico, a evolução dinâmica).
Conceitos como a curva de juros e sua evolução no tempo, a taxa básica e seus
efeitos na parte curta e na longa da curva, no primeiro e no segundo momentos,
nos preços de consumo e nos dos ativos financeiros e reais. A criação de moeda
fiduciária, a quase moeda, as crises (bolhas e seus furos), as expectativas
(positivas, negativas), o Banco Central, a liquidez, a política monetária, etc.
O conceito de quantidade de moeda estendeu-se para o de liquidez (todos os ativos que conseguirem liquidez imediata ou com menos de 30 dias). Nas crises a análise estendeu-se da quantidade de moeda para queda (ou aumento) da liquidez. A redução das possibilidades de transformar ativos em moeda (para compras ou pagamentos). A desvalorização dos ativos reduz a quantidade de moeda (a liquidez). A desvalorização dos ativos e a dificuldade de transformá-los em moeda (redução da liquidez) é semelhante a uma redução na quantidade de moeda, com o agravante do sentimento de empobrecimento.
Podemos dividir o
estudo da economia em dois lados:
I) O
MONETÁRIO (os tipos de moeda, a quantidade e a liquidez);
II) O REAL (produtos
e serviços = PIB e ativos que não a moeda pátria = fatores de produção = capital,
trabalho, recursos naturais e tecnologia).
I ) Do lado MONETÁRIO,
por ordem de liquidez, podemos listar:
1)
MOEDA;
1.1)
Moeda corrente;
1.2
) Dep. a vista;
2)
MOEDA PÁTRIA MAIS JUROS;
2.1)
aplicações financeiras com cláusulas de recompra;
2.2)
Cad. de poupanças e títulos vincendos (de cp e de lp) até 30 dias;
2.3)
aplicações financeiras de médio e lp, com facilidade de negociação diária no mercado;
3) ATIVOS QUE NÃO A MOEDA PÁTRIA
(possíveis de venda). NOVA ÓTICA;
3.1) moedas reservas mundiais (com liquidez imediata);
3.2) Ações da Bovespa e Ouro (com liquidez com menos de 30 dias);
3.3) Imóveis residenciais, comerciais e
industriais (maquinários) com liquidez com menos de 30 dias (venda);
3.4) Quadros, joias com liquidez com menos de 30 dias;
II ) Do lado da Economia Real temos:
1)
PRODUTO (produção material e serviços) = PIB = Consumo
+ Investimentos = C + I.
2) ATIVOS DOS PAÍSES (fatores de produção): Ativos reais, residências, prédios comerciais, galpões industriais, hidroelétricas, energia nuclear, a gás, a carvão, a biomassa, solar, a óleo, estradas, portos, aeroportos, frotas, terras produtivas (agropecuária, mineração, petróleo, etc.), parque industrial, tecnologia (ativo que rende royalties), mão de obra (qualificada), etc.
FATORES
DE PRODUÇÃO (capital, trabalho, recursos naturais, tecnologia).
PIB POTENCIAL
(capacidade de crescimento da economia sem provocar inflação).
HIATO DO PRODUTO
(diferença entre o PIB potencial e o efetivo).
NAICU (Non-Accelerating Inflation Rate of Capacity Utilization) = Taxa
de utilização da capacidade instalada que não acelera a inflação.
NUCI = nível
de utilização da capacidade instalada.
Existindo fatores de produção e ou capacidade instalada não utilizada, o aumento de M não produzirá inflação. Em
tese, a quantidade de moeda poderá (para M. Friedman deverá) ser aumentada em
percentual igual à capacidade de crescimento da economia (algo em torno de 5%).
A taxa básica (taxa de cp) de juro do BC é utilizada para retirar moeda
(excesso de liquidez) do mercado se a inflação superar a meta ou ficar
ascendente. Para que a taxa básica consiga retirar moeda do mercado ela deverá
ser fixada acima da taxa de mercado de equilíbrio (neutra) de lp.
BOLHA
DE PREÇOS DOS ATIVOS QUE NÃO A MOEDA PÁTRIA: se o BC permitir que o processo
inflacionário se instale, com a taxa básica de juro inadequadamente baixa (se negativa pior ainda), os
agentes econômicos fogem da desvalorização da moeda pátria mais juros para
outros ativos, provocando aumentos dos preços destes muito acima dos índices de
preços de consumo, formando as bolhas dos preços dos ativos. Neste período de
aumentos dos preços dos ativos que não moeda a liquidez dos mesmos aumenta, provocando
uma percepção de riqueza, que dá segurança para gastos e financiamentos (na
verdade a riqueza é virtual). Quando a bolha dos preços dos ativos fura, os
preços e a liquidez dos mesmos caem e a percepção
de riqueza transforma-se em sentimento
de empobrecimento (a redução da liquidez é semelhante a redução da quantidade de moeda).
A
BOLHA, O FURO, A QUANTIDADE DE MOEDA E SEUS EFEITOS: vimos que as bolhas
ocorrem por políticas monetárias e/ou fiscais inadequadas (na verdade irresponsáveis,
quase sempre por demagogia ou ignorância), que desvalorizam a moeda, provocando
a fuga dela como Reserva de Valor, para outros ativos que não moeda. Este processo
ocorre lentamente no início e mais veloz
perto do fim (nas vésperas do furo da bolha). Durante o período de formação
da bolha acontece um sentimento de
enriquecimento sem trabalho, que dá uma sensação de segurança que facilita
gastos, a valorização dos ativos faz aumentar a sua liquidez (transformando-se
em quase moeda). Então podemos dividir a quantidade de moeda conforme
especificado acima em I. A nova ótica é a inclusão do item 3, ativos que não a
moeda pátria, com alta liquidez e valorização. Isto passa um sentimento de
segurança e de riqueza (PENA QUE VIRTUAL) que alimenta a economia.
O
FURO DA BOLHA:
acontece naturalmente quando os preços dos ativos alcançam valores artificialmente
irreais, ocorrendo uma queda na demanda dos mesmos, os preços param de subir e
até mesmo começam a ter pequenas quedas. A seguir, a liquidez dos ativos cai
abruptamente e os preços acompanham. Acontece também quando a autoridade
monetária, verificando a formação das bolhas, aumenta a taxa básica, invertendo a
política monetária (o processo de queda dos preços e da liquidez é semelhante).
O
item 3) ATIVOS QUE NÃO A
MOEDA PÁTRIA (possíveis de venda). NOVA ÓTICA, acima, perde liquidez
e seus preços caem, instaurando uma sensação
de empobrecimento. A perda de
riqueza (VIRTUAL) é semelhante às desvalorizações dos ativos. A queda da quantidade
de moeda (LIQUIDEZ) é semelhante à desvalorização dos ativos e à perda de liquidez dos
mesmos. Isto não é percebido pelas estatísticas normais da teoria monetária (é
a nova ótica). Milton Friedman já havia descrito a queda da quantidade de moeda
(sem incluir o item 3 e o 2), que ocorreu na crise de 30 (a queda foi de um
terço). A Oferta Monetária caiu 28% e os depósitos bancários 40%. Já a moeda
corrente subiu 40%. Receitou que os BCs atuassem para que a queda não
ocorresse, oferecendo liquidez ao mercado através do redesconto e impedindo
quebra de bancos, o que faria reduzir em muito os sofrimentos. A redução do
sofrimento não seria total, pois o retorno da economia ao nível sustentável (menor
do que o da formação da bolha) acabaria com os excessos (a riqueza virtual sem
trabalho). O quadro abaixo é um resumo
do descrito por M. Friedman sobre a crise de 30, comparado com dados do Brasil (crise
de 2008).
OFERTA
MONETÁRIA X BASE MONETÁRIA
USA
AGO./1929 X MAR./1933; BRASIL SET./2008 X JUN./2009.
HISTÓRICO
|
USA
|
x
|
BRASIL
|
||||
AGO./1929
|
MAR./1933
|
VAR. %
|
SET./2008
|
JUN./2009
|
Var. %
|
||
OFERTA MONET. (OM)
|
26,5
|
19,0
|
-28,3
|
x
|
215338
|
224493
|
4,25
|
Moeda Corrente (MC)
|
3,9
|
5,5
|
41
|
x
|
98211
|
103474
|
5,35
|
Dep. à Vista (DV)
|
22,6
|
13,5
|
-40,2
|
x
|
117127
|
121458
|
3,69
|
BASE MONET. (BM) = M0
|
7,1
|
8,4
|
18,3
|
x
|
136936
|
139185
|
1,64
|
Moeda Corrente
|
3,9
|
5,5
|
41
|
x
|
98211
|
103474
|
5,35
|
Reservas (R)
|
3,2
|
2,9
|
-9,37
|
x
|
38725
|
35711
|
-7,78
|
MULT. MONET. (OM/BM)
|
3,7
|
2,3
|
x
|
x
|
1,57
|
1,613
|
x
|
Reservas/Dep.
|
0,14
|
0,21
|
x
|
x
|
0,33
|
0,294
|
x
|
Moeda Corr./ Dep.
|
0,17
|
0,41
|
x
|
x
|
0,838
|
0,852
|
x
|
FONTE: USA,
MACROECONOMIA, N. GREGORY MANKIW (ADAPTADO DE MILTON FRIEDMAN, A MONETARY
HISTORY OF THE USA). BRASIL, BCB.
OBS.: A CORRETA ATUAÇÃO DO BCB
IMPEDIU QUE A OFERTA MONETÁRIA CAÍSSE, AMENIZANDO OS EFEITOS DA CRISE AMERICANA
(SET../2009) NO BRASIL (DIFERENTE DA ATUAÇÃO DA AUTORIDADE MONETÁRIA AMERICANA
NA CRISE DE 1930).
O
item 2)
MOEDA PÁTRIA MAIS JUROS também perde liquidez e os títulos desvalorizam, causando uma perda de riqueza e sensação
de empobrecimento. Com o furo da bolha, a desvalorização dos ativos e a
consequente insegurança e redução do crédito, amplia-se a crise. Se o BC não
atuar inicia a deflação (pior do que inflação) e os agentes refugiam-se na
moeda corrente como defesa do seu capital. Os depósitos à vista e as aplicações
financeiras caem (por insegurança e medo da quebra dos bancos), reduzindo a
criação de moeda (depósitos criam empréstimos que criam depósitos que criam empréstimos.
O processo de formação de moeda bancária).
A
QUEDA DA QUANTIDADE DE MOEDA (NOVA ÓTICA): além da queda da quantidade de moeda, descrita acima, ocorre também a perda de riqueza por desvalorização dos ativos
descritos no item 3 (exceto o ouro, que passa a flutuar, mas com tendência de
alta. Quando a crise passa o ouro desvaloriza, já que não rende juros) e da
liquidez dos mesmos. Isto traz insegurança e redução das atividades.
O
QUE FAZER PARA EVITAR AS DESVALORIZAÇÕES DOS ATIVOS? EVITAR AS CRISES. COMO?
NÃO PRATICANDO POLÍTICAS MONETÁRIAS E FISCAIS IRRESPONSÁVEIS. PRATICANDO
RESPONSABILIDADE FISCAL E MONETÁRIA. ACREDITANDO NA RELAÇÃO PIB POTENCIAL E
CRIAÇÃO DE MOEDA. MAG 04/2013.
O FLUXO DE CRIAÇÃO DA MOEDA
|
EMISSÃO DE MOEDA
100
|
CRIA DEPÓSITO
97
|
CRIA EMPRÉST.
90
|
CRIA DEPÓSITO
87
|
CRIA EMPREST.
80
|
CRIA DEPÓS..
77
|
E ASSIM
SUCESSIVAMENTE. PARA CADA 100 DE EMISSÃO DE MOEDA SÃO CRIADAS MAIS, DE 700 A
1100 NOVAS MOEDAS
(CHAMADAS
FIDUCIÁRIAS OU BANCÁRIAS).
|
A ESCOLHA DOS POUPADORES: MOEDA PÁTRIA X OUTROS ATIVOS
ATIVO
|
RISCOS
|
RENDA DOS POUPADORES
|
DESTINO, FINALIDADE
|
MOEDA (preferência pela liquidez)
|
Guarda
|
Evita perda com deflação,
desvalorizações de títulos e insolvências.
|
Entesourar moeda.
|
APLIC. FINANC. Renda Fixa Pré
|
Inflação, Juros subirem (cai valor títulos)
|
Juros (- Inflação - IRF).
|
Financiamentos (empresas e pessoas).
|
APLIC. FINANC. CM, Índices
|
A parte de juros subir (cai valor títulos)
|
Juros + CM - IRF
|
Financiamentos (empresas e pessoas).
|
BOLSA
|
Desvalorizações
|
Dividendos. + - Variações no valor
|
Aumento de Capital, Transferências.
|
IMÓVEIS, TERRENOS, AMPLIAÇÕES
|
Liquidez, desvalorizações
|
Alugueis + - Variações no Valor
|
Locatários (empresas e pessoas).
|
ESTOQUES, MAQUINÁRIOS
|
Depreciações tecnológicas (inovações)
|
Valorizações
|
Consumo futuro.
|
OUTRAS MOEDAS
|
Desvalorizações
|
Juros + - Variações Cambiais
|
Câmbio.
|
OURO
|
Desvalorizações
|
Valorizações
|
Entesourar
|
MAG 04/2013.
TAXA DE JURO NEGATIVO X RNB X PNB X POUPANÇA X INVESTIMENTO.
ResponderExcluirO SEMPRE VIRTUOSO CAMINHO DO MEIO.
Sabemos que a Renda Nacional Bruta é igual ao somatório da Renda do Trabalho (S) + Lucros (L) + Juros (J) + Aluguéis (A). RNB = S + L + J + A = PNB = produto nacional bruto.
Sabemos também que taxa de juro baixa estimula os investimentos (relação expectativas de lucros x juros). Juros maiores estimulam a poupança. As duas afirmações nos levam a aceitar que existe uma taxa de equilíbrio. Renda de juros é uma parcela do PNB.
Qual é o efeito de uma taxa de juro negativa no PNB? A taxa negativa de juro só existe com inflação superior a ela. Os agentes para defenderem-se da desvalorização da moeda refugiam-se em consumo ou investimentos em ativos que não a moeda pátria. Estes ativos valorizam-se mais rapidamente do que a inflação de bens de consumo formando as famosas bolhas de ativos (imóveis, ações, ouro). As valorizações artificiais (ou virtuais) dos ativos que não moeda não fazem parte da RNB, mas influenciam as atividades por darem uma sensação de segurança e de riqueza. Sabemos que as bolhas furam e os ativos desvalorizam, invertendo a sensação de riqueza para a de empobrecimento. Isto é semelhante a uma perda de riqueza. Menor a riqueza menor a renda, menor o consumo, menores os investimentos. O efeito é semelhante a uma redução na quantidade de moeda. Portanto podemos afirmar que um dos motivos da estagflação (inflação sem crescimento) é a taxa de juro negativa, que é fruto de monetização excessiva. Resumindo: taxa básica de juro inadequadamente baixa ou negativa reduz a renda dos poupadores (trabalhadores, empresários, investidores e capitalistas). Por tabela o consumo e os investimentos produtivos (ficam os artificiais) destes agentes também caem (os agentes que poupam são os mesmos que consomem e investem). Fica a noção de um equilíbrio entre taxa de juro, poupança e investimento.
TAXA NEGATIVA DE JURO PROVOCA QUEDA DA RENDA NACIONAL (RNB = PNB), ESTAGFLAÇÃO, EMPOBRECIMENTO. MAG 04/2013.