CHOQUE OU INFLAÇÃO DE
OFERTA?
Considerando
as definições:
a)
inflação é o aumento generalizado e contínuo dos preços dos bens e serviços (o
nível geral dos preços);
b)
choque de oferta (indevidamente também chamada de inflação de custos ou de
oferta) ocorre quando cai a quantidade de um ou mais produto (ou serviço), de
significância, ocasionando aumento de seu preço, sem aumento da demanda. Este aumento
de preço pode ser sazonal (quando os preços caem no futuro) ou permanente.
Pela
definição acima não podemos concordar com os termos de inflação de custos ou de
oferta, pelos motivos:
a)
se o choque de oferta (ou de custos) é sazonal os preços cairão mais à frente,
não atendendo à definição de aumento generalizado e contínuo;
b)
se é permanente ele veio para ganhar parte da renda nacional (aumento do preço
relativo) não atendendo também a definição de generalizado e contínuo.
Podemos
então considerar que o aumento de preço por choque de oferta permanente não precisa
ser combatido, pois ele afetará apenas o preço relativo do produto? NÃO E SIM.
Se o nível geral de preço estiver controlado e não ascendente ocorrerá apenas mudanças
nos preços relativos e não um processo de aumentos generalizados e contínuos. Se
a conjuntura estiver com inflação ascendente (ou expectativas de) o aumento do
preço do produto ou serviço irá contaminar os outros virando um processo
inflacionário de controle mais difícil e custoso.
PALAVRAS DE DELFIM NETTO A RESPEITO DE INFLAÇÃO DE
CUSTOS (entrevista dada ao jornal VALOR em 30/09/2005, caderno EU):
“O Dênio (Dênio Nogueira, primeiro presidente do
Bacen) trouxe do governo Castelo Branco uma política monetária
extremamente dura. Cheguei lá (quando assumiu o Ministério da Fazenda no
governo Costa e Silva, em 1967), e começamos a INVENTAR UMA TEORIA, de que
havia INFLAÇÃO DE CUSTOS, não de demanda. O Campos e o Dr. Bulhões
(Roberto Campos e Otávio Gouvêa de Bulhões, ministros do planejamento e da
fazenda do governo Castelo Branco) ficavam furiosos. Então, se era
inflação de custos, vamos atacar custos. Claro que eu sabia que era um
jogo de palavras, porque se não tiver inflação de demanda a outra não se
sustenta. Mas é permissível uma pequena manipulação."
Resumindo:
um choque de oferta ou de custos pode virar um processo inflacionário se a
autoridade monetária for demagoga ou ignorante. É o caso atual: a) índice de
difusão dos preços (contaminação), 75% com tendência de ir para 85%; b) vide
tabelas abaixo (falam por si mesmas). Em vermelho acima da meta.
IPCA (ESTRATIFICADO) X SELIC X DI 360. (META do IPCA 4,5% a.a,
0,36748% a.m).
|
|||||||||||||||
MÊS
ANO
|
BENS
|
SERVIÇOS
23,35%
|
MONITORADOS
31,01%
|
IPCA
Meta
4,5%a.a
0,367485%
a.m
|
SELIC
|
DI 360
|
POL.
MONET.
EXPANS.
CONTRAC.
NEUTRA
|
||||||||
DURÁVEIS
peso 9,81%
|
SEMI DUR.
9,37%
|
NÃO DUR.
26,46%
|
MÊS
|
Acum.12
meses
|
MÊS
|
Acum.12
meses
|
|||||||||
MÊS
|
Acum.12
meses
|
MÊS
|
Acum.12
meses
|
MÊS
|
Acum.12
meses
|
MÊS
|
Acum.12
meses
|
||||||||
DEZ./12
|
0,18
|
-3,48
|
0,90
|
4,98
|
1,20
|
8,55
|
0,98
|
8,75
|
0,33
|
3,65
|
0,79
|
5,84
|
7,25
|
7,14
|
CONTRAC.
|
JAN./13
|
0,86
|
-2,52
|
-0,35
|
4,47
|
2,34
|
10,64
|
0,92
|
8,61
|
-0,22
|
2,94
|
0,86
|
6,15
|
7,25
|
7,26
|
EXPANS.
|
FEV.
|
0,37
|
-2,03
|
0,54
|
5,26
|
1,41
|
12,22
|
1,30
|
8,66
|
-1,11
|
1,53
|
0,60
|
6,31
|
7,25
|
7,76
|
EXPANS.
|
MAR.
|
7,25
|
7,92
|
EXPANS.
|
IPCA - PREÇOS
LIVRES, COMERC., NÃO COMERC., MONITORADOS
|
||||||||
MÊS / ANO
|
PREÇOS
LIVRES
GERAL
peso 68,99
|
PREÇOS
LIVRES peso 68,99
|
MONITORADOS
peso 31,01
|
|||||
Comercializáveis
peso 32,81
|
Não
Comercial.
peso 36,18
|
|||||||
Mensal
|
12 meses
|
Mensal
|
12 meses
|
Mensal
|
12 meses
|
Mensal
|
12 meses
|
|
JAN./2011
|
0,79
|
7,17
|
0,43
|
6,61
|
1,10
|
7,65
|
0,94
|
3,24
|
DEZ./2011
|
0,63
|
6,63
|
0,51
|
4,41
|
0,73
|
8,59
|
0,19
|
6,20
|
JAN./2012
|
0,59
|
6,42
|
0,04
|
4,03
|
1,07
|
8,58
|
0,47
|
6,19
|
DEZ./2012
|
0,94
|
6,56
|
0,86
|
4,47
|
1,00
|
8,46
|
0,33
|
3,65
|
JAN./2013
|
1,20
|
7,20
|
1,03
|
5,54
|
1,35
|
8,69
|
-0,22
|
2,94
|
FEV./13
|
1,13
|
7,86
|
0,63
|
6,43
|
1,58
|
9,13
|
-1,11
|
1,53
|
IGPM - IPAM -
IPCM - IPA M (Ind. e Agric.)
|
||||||||||
DATA
|
IGPM
|
IPAM
|
IPCM
|
IPA
DI até 12/08. Após M
|
||||||
Mês
|
12
meses
|
Mês
|
12
meses
|
Mês
|
12
meses
|
Prod. Ind.
|
Prod.
Agric.
|
|||
Mês
|
12 meses
|
Mês
|
12
meses
|
|||||||
JAN./2012
|
0,25
|
4,53
|
-0,07
|
3,48
|
0,97
|
6,05
|
-0,49
|
3,67
|
1,10
|
2,98
|
DEZ./2012
|
0,68
|
7,82
|
0,73
|
8,63
|
0,73
|
5,79
|
0,46
|
5,03
|
1,40
|
18,80
|
JAN./2013
|
0,34
|
7,91
|
0,11
|
8,83
|
0,98
|
5,81
|
0,10
|
5,97
|
-0,62
|
16,78
|
FEV.
|
0,29
|
8,29
|
0,21
|
9,34
|
0,30
|
5,83
|
0,82
|
7,11
|
-1,31
|
15,59
|
MAR.
|
0,21
|
8,06
|
0,01
|
8,90
|
0,72
|
6,08
|
0,30
|
7,19
|
-0,70
|
13,67
|
MAG 04/2013.
Poderia indicar alguns livros sobre economia para não economistas? De leitura mais fácil.
ResponderExcluirPrincípios de Economia Monetária de Eugênio Gudin; Capitalismo e Liberdade de Milton Friedman; Economia das Crises, Roubuni e Mihm; Política Monetária, José Júlio de Sena; A Era da Turbulência, Alan Greenspan; Lanterna na Popa, Roberto Campos; assine a revista Conjuntura Econômica da FGV; leia o jornal Valor. Se quiser aprofundar-se mais um pouco leia Macroeconia do Blanchard e o do Mankiw (são bem didáticos e de leitura fácil).
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
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