sábado, 30 de junho de 2012

SELIC (taxa básica), PIB e INFLAÇÃO.


SELIC (taxa básica), PIB e INFLAÇÃO.
Considerando que a ESTABILIDADE MONETÁRIA É CONDIÇÃO NECESSÁRIA (mas não suficiente) AO DESENVOLVIMENTO E AO CRESCIMENTO ECONÔMICO SUSTENTADO e que sozinha não resolve problemas microeconômicos, estruturais ou setoriais. QUE A TAXA BÁSICA DE JURO (Selic) É O PRINCIPAL INSTRUMENTO DA POLÍTICA MONETÁRIA (errando nela errou em tudo). Que os empreendedores dão preferência para seus investimentos aos AMBIENTES que transmitam segurança e previsibilidade, condições necessárias ao alongamento do planejamento e das operações (inclusive das famílias). Podemos concluir que a inflação é impeditiva do crescimento sustentado. Por extensão podemos também condenar uma taxa básica inadequadamente baixa como impeditiva ao crescimento sustentado. Não é com taxa básica provocando inflação no auge da crise que faremos crescimento sustentado, mas sim com a formação de um ambiente que transmita segurança aos investidores e aos consumidores.

IPCA - IPP - IGPM - AVISOS DA VOLTA DA INFLAÇÃO
IPCA - IPP - IGPM - IPAM - IPCM - IPA M (Ind. e Agric.)
DATA Meta
Acum.
Ano
i real
IGPM
IPP
IPCA
IGP M
IPA M
IPC M
IPA  M
MÊS Acum.
Ano.
12
meses
MÊS Acum.
Ano.
12
meses
MÊS 12
meses
MÊS 12
meses
Prod. Ind. Prod. Agric.
MÊS 12
meses
MÊS 12
meses
DEZ./11
4,5
0,84 -0,17 0,50 6,50 6,50
-0,12
5,10
5,10
-0,48
4,34
0,71
6,16
-0,36
4,78
-0,82
3,15
JAN./12
0,3675
0,462 -0,43 0,56 0,56 6,22
0,25
0,25
4,53
-0,07
3,48
0,97
6,05
-0,49
3,67
1,10
2,98
FEV.
0,7363
0,652 -0,42 0,45 1,0101 5,84
-0,06
0,19
3,43
-0,26
1,99
0,27
5,63
-0,25
2,75
-0,28
-0,06
MAR.
1,1065
0,218 1,05 0,21 1,2246 5,24
0,43
0,62
3,23
0,42
1,76
0,48
5,47
0,22
2,58
0,97
-0,45
ABR.
1,4781
-0,29
1,38 0,64 1,8724 5,10
0,85
1,47
3,65
0,97
2,45
0,55
5,24
0,89
2,99
1,18
0,98
MAI. 1,85097
-0,436
1,65 0,36 2,2392 4,99
1,02
2,51
4,26
1,17
3,62
0,49
4,81
1,29
3,57
0,85
3,75
JUN.
2,22526 -0,148 x 0,08 2,32 4,92 0,66 3,19 5,14 0,74 4,86 0,17 5,11 0,79 4,24 0,58 6,59
 Obs: a) IPCA Meta 4,5%a.a; 0,367485% a.m; b) Em vermelho acima da meta; c) i real IGPM = CDI - IRRF 20% - IGPM; d) i real em abril, maio e junho negativos (provoca a fuga da moeda mais juros para ativos que não moeda provocando bolhas); e) IPP = ÍNDICE DE PREÇOS AO PRODUTOR.

ACUMULADOS 2012: EM VERMELHO ACIMA DA META.
ACUMULADOS 2012: ÍNDICES E META DE INFLAÇÃO
ACUM. ATÉ
META
IPC
IGP
INCC
10
IPP
IPA DI
IPCA IPC 10 IPC M IPC DI IGP 10 IGP M IGP DI IPA M
Prod. ind.
Prod. agrop.
ABRIL/2012 1,47806 1,87 2,288 2,29 2,288 1,089 1,47 1,95 1,05 2,003 1,64 1,22 3,37
MAIO/2012 1,85097 2,24 2,81 2,79 2,72 2,11 2,51 2,89 2,24 2,88 3,32 2,22 4,07
JUNHO/2012 2,22526 2,32 3,15 2,96 2,83 2,86 3,19 3,59 2,99 4,60  x 3,10 5,10
JULHO/2012
2,62836
x 3,34 x x 3,84 x x x 5,48 x x x
OBS|: em vermelho acima da meta.
Com todos os acumulados de inflação acima da meta, considerando que as atividades no segundo semestre deverão aumentar, podendo influenciar os índices de inflação mais ainda, com o IPP (Índice de preços ao produtor) acumulado de maio 79% acima da meta,  o risco de descontrole da inflação no segundo semestre é muito grande. Todos sabem que não existe crescimento sustentado com descontrole da inflação, é demagogia. 

segunda-feira, 18 de junho de 2012

ESTABILIDADE MONETÁRIA É CONDIÇÃO NECESSÁRIA PARA O CRESCIMENTO SUSTENTADO?


ESTABILIDADE MONETÁRIA É CONDIÇÃO NECESSÁRIA PARA O CRESCIMENTO SUSTENTADO?
Para os economistas monetaristas sim (necessária, mas não o suficiente). Pela análise das funções da moeda podemos ter um entendimento razoável. A moeda foi uma criação do mercado destinada a facilitar as negociações. Para isto é necessário que ela cumpra as funções de: 
a) Reserva de Valor (poupanças); 
b) Unidade de Medida (o metro, a unidade de medida que permite que os produtos e serviços sejam valorizados e negociados); 
c) Meio de Pagamento (a compra de produtos e serviços com uma unidade de medida que pode ser guardada com facilidade como reserva de valor). 

É a obediência às suas funções que fazem da Moeda uma das maiores criações da humanidade, a facilidade de negociações e de formação de mercados confiáveis. Deixando a moeda de obedecer a uma das funções ela perde seu poder, vejamos: deixando de obedecer à função de Reserva de Valor (a inflação reduz o poder desta função) ela deixa de prestar-se como Unidade de Medida para negócios a médio e longos prazos (vendas e financiamentos). Tem de ser substituída por outra medida de valor. Se pequena a inflação (perda de poder de compra da moeda) a taxa de juros nominal substitui a função de unidade de medida para negócios a médio e longo prazos. Sendo maior o processo inflacionário a insegurança (imprevisibilidade) exige que outra unidade de medida substitua a moeda. No caso os índices de inflação substituem a moeda como medida de valor (funciona como outra moeda). A experiência demonstrou que nestes casos o processo inflacionário caminha para a ESTAGFLAÇÃO. Inflação sem ou com baixo crescimento (é a falta do cumprimento da função de Reserva de Valor pela moeda que dificulta e reduz os negócios). A inflação fica ascendente criando o que se denominou de inércia inflacionária (memória inflacionária), processo extremamente difícil de ser revertido. Exige longo tempo com baixo crescimento para a eliminação da memória e da inércia inflacionária.
DEMAGOGIAS MONETÁRIAS: fácil entender que o excesso de monetização em um primeiro momento reduz as taxas de juros de mercado e aumenta as atividades. Fácil também entender que este artificialismo populista (tomado sempre em vésperas de eleições) desequilibra o crescimento harmonioso entre a oferta e a demanda (a velocidade da demanda fica superior ao da oferta). O mercado substitui este desequilíbrio com o aumento dos preços (a inflação). A inflação reduz o poder de compra de todos (mais dos salários), por extensão reduz o tamanho do mercado e o crescimento. Fácil entender que apesar de provocar um crescimento artificial no início, trás desequilíbrios que terão que ser corrigidos com esforço superior às benesses iniciais. Podemos concluir que o crescimento sustentado exige um ambiente com estabilidade monetária (necessário, mas sozinho não o suficiente). Por extensão podemos condenar a inflação como um empecilho ao processo de crescimento sustentado.   

sábado, 16 de junho de 2012

INVESTIMENTOS, POUPANÇAS (DEMAGOGIAS).

INVESTIMENTOS, POUPANÇAS (DEMAGOGIAS).
Sabemos que os investimentos privados acontecem em ambientes que passam segurança para o capital (países com boas instituições). Além da segurança os empreendedores só investem objetivando lucros (o lucro tem que motivar mais que a insegurança e o risco). Economias com estabilidade monetária e respeito às regras do jogo reduzem a insegurança e aumentam a previsibilidade (facilitam planejamentos), atraindo investimentos. Resumidamente, investimentos procuram: segurança, regras do jogo estabelecidas, estabilidade monetária, ambientes que permitam planejamentos (previsibilidade), mercado (poder de compra da população), expectativas de lucros (positivas). Além disto, é necessário que exista um mercado de crédito com fluxo contínuo (para os investimentos e para os consumidores). O mercado de crédito só funciona com fluxo contínuo se existir fluxo de poupança também contínuo (interno ou externo).
A estabilidade monetária impede que a liquidez seja aumentada com a criação irresponsável de moeda acima do potencial de crescimento da economia. Para que exista fluxo contínuo de poupança interna é necessário que o mercado financeiro seja considerado seguro e que as taxas de juros sejam positivas. Taxas de juros negativas fazem com que os agentes fujam da moeda pátria mais juros para o consumo ou ativos que não moeda (moedas estrangeiras, ouro, imóveis, formando bolhas, antecedente de crise).    
O Brasil não tem poupança interna para fazer face aos investimentos necessários ao estágio atual de desenvolvimento. Somos um país importador de poupanças externas. Em 2009 importamos através da conta Capital US$70,5 bi.; em 2010 US$100,1 bi.; em 2011 US$111,8 bi. (poupança externa). Isto permitiu que os empreendedores fizessem seus investimentos e se financiassem com segurança (não existem investimentos sem financiamentos, a média é 30% de capital próprio e 70% de terceiros). No mercado financeiro as taxas de juros de cp são menores do que as de lp (maior o risco maior a taxa) e as captações de cp (2 anos) são mais fáceis de conseguir. As empresas que não conseguem captar a lp ficam renovando captações. Bancos brasileiros fazem captações externas e emprestam internamente (isto movimenta o mercado e faz as taxas internas de juros serem menores). A atuação do governo fixando IOF de 6% sobre captações de 5 anos foi uma agressão às regras do jogo. Rapidamente teve de voltar atrás (felizmente reconheceu o erro).  
Bancos são atividades concedidas (privilégios), portanto o poder concedente tem o direito e a obrigação de estabelecer normas de funcionamento e prudenciais, não devendo se intrometer nas estratégias dos mesmos (isto é pensamento liberal). A cobrança de IOF sobre derivativos é outra agressão às regras do jogo. Se tem poder para fixar limites não precisa de IOF.
Podemos concluir que a atuação do governo dificultou os investimentos e trouxe insegurança e prejuízos ao mercado. Com uma conjuntura mundial instável criaram mais instabilidade.
O pior de tudo é que não conseguiram conter os índices inflacionários (conforme quadro abaixo).
ACUMULADOS 2012: ÍNDICES E META DE INFLAÇÃO
ACUM. ATÉ
METAIPCAIPC 10IPC MIPC DIIGP 10IGP MIGP DIIPA MINCC 10
04/20121,478061,872,2882,292,2881,0891,471,951,052,0027
05/20121,855092,242,812,792,722,112,502,892,242,88
06/20122,22526x3,152,96x2,863,19x2,994,60 
META: 4,5% a.a; 0,367485% a.m; em vermelho acima da meta.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

POLÍTICA FISCAL E MONETÁRIA


A RESPEITO DE POLÍTICA MONETÁRIA (08/2008):

1) Sozinha não resolve problemas microeconômicos, estruturais ou setoriais. A ESTABILIDADE MONETÁRIA É CONDIÇÃO NECESSÁRIA (mas não suficiente) AO DESENVOLVIMENTO E AO CRESCIMENTO ECONÔMICO;
2) A moeda neutra permite que o equilíbrio nas relações tenha como efeito uma taxa de crescimento consistente e sustentável;
3) A emissão de moeda não provoca crescimento sustentado (provoca bolhas e crises);
4) A política monetária deve contribuir para um ambiente de ESTABILIDADE  e de PREVISIBILIDADE, permitindo o alongamento do planejamento e das operações (das famílias e das empresas);
5) A estabilidade e a previsibilidade são condições para redução das taxas de juros reais e conseqüentemente do crescimento do PIB;
6) A TAXA BÁSICA DE JURO É O PRINCIPAL INSTRUMENTO DA POLÍTICA MONETÁRIA (errando nela errou em tudo);
7) A DETERMINAÇÃO DA TAXA BÁSICA IDEAL DEVE OBEDECER A AÇÃO IMPESSOAL DOS MERCADOS (um grande número de agentes, com interesses, gera resultados superiores aos alcançados pelo poder discricionário dos planejamentos centralizados). O PONTO DA CURVA DE JURO DE MERCADO ACIMA DE UM ANO MAIS NEGOCIADO É O MAIS PRÓXIMO DA TAXA NEUTRA (OU DE EQUILÍBRIO);
8) O REGIME DE TAXA DE CÂMBIO FLUTUANTE É NECESSÁRIO PARA QUE A POLÍTICA MONETÁRIA NÃO PROVOQUE DESEQUILÍBRIOS NO BALANÇO DE PAGAMENTOS.  
9) EFEITO EMPOBRECIMENTO - Expectativas negativas, provocadas por desvalorizações de ativos (poupanças, bolsas, imóveis, etc., provoca percepção de empobrecimento), e por taxas de juros reais negativas (queda da renda de poupadores, de fundos de pensões, etc.), provocam insegurança quanto ao futuro e podem induzir a redução de consumo e a queda de preços (paradoxo).
10) DESARMONIA ENTRE AS POLÍTICAS FISCAL E MONETÁRIA (incluso a cambial) - Déficits públicos (política fiscal) puxam as taxas de juro de mercado para cima e exigem maior taxa básica por parte da política monetária (um puxa para um lado, o outro, para outro), influenciam negativamente as expectativas.  08/2008.

REGIME DE METAS DE INFLAÇÃO:
a) A eficácia da política monetária depende em grande medida da sua CREDIBILIDADE;
b) Uma COMUNICAÇÃO  eficaz e o compromisso com a TRANSPARÊNCIA são fundamentais;
c) A coordenação das EXPECTATIVAS exige explicações racionais e consistentes por parte do BC;
d) O BC determina a taxa de juros de curtíssimo prazo (TAXA SELIC), mas a transmissão da política monetária se dá por meio das taxas de mercado em diferentes horizontes, que não são controladas pela autoridade monetária;
e) é possível ocorrer um descasamento entre a taxa selic e as taxas de mercado, se os agentes antecipam mudanças da política monetária, ou em períodos de incerteza ou ainda em períodos em que a política monetária perde CREDIBILIDADE.

MOTIVO: tentar explicar que o crescimento conseguido através de taxa básica expansionista e imprudente não tem sustentação.

1) A experiência demonstrou que a política monetária é mais eficaz no combate à inflação (claro que a parceria com a política cambial e fiscal adequadas torna-a mais eficaz ainda) do que (sozinha) para motivar e conseguir crescimentos (aumentos consistentes das atividades econômicas). O crescimento depende de outras variáveis fundamentais que constituem também a relação das causas das atividades econômicas (Anatole Murad desenvolveu um estudo interessante sobre o assunto). A queda da taxa de juro (sozinha) não provoca, com certeza, o aumento dos investimentos, é apenas uma variável necessária. A contestação de que a política monetária pode criar um ambiente de expansão, como único fator, é unanimemente aceito. O reconhecimento das limitações da política monetária, de que ela não pode como único fator resolver os complexos problemas e interesses individuais da atividade econômica, não tira sua importância no quadro mais vasto da política macroeconômica.
2) Uma adequada distribuição de rendas, a existência de fatores de produção (recursos naturais, capital, trabalho, tecnologia), a segurança institucional do capital investido, uma normatização (marco regulatório) adequada que passe segurança e motivação, vantagens ou desvantagens comparativas naturais e artificiais (leis adequadas, judiciário eficaz – rápido e justo - legislativo ou executivo que passem segurança), um sistema financeiro compatível que proporcione segurança para as poupanças e que alimente as necessidades de financiamentos do consumo e dos investimentos, um sistema previdenciário que estimule a formação de poupanças e que não permita privilégios, contas públicas transparentes com publicações de balancetes mensais analíticos, gastos públicos improdutivos (atividades meio) sejam o menor possível, são fatores importantes e que devem ser analisados.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

PAUL KRUGMAN por MARTIN WOLF – VALOR 01, 02, 03 / 06/ 2012.

PAUL KRUGMAN por MARTIN WOLF – VALOR 01, 02, 03 / 06/ 2012.
Sobre o Euro: “Não acho que eles conseguirão salvar a Grécia, mas ainda poderão salvar o resto se estiverem dispostos a oferecer financiamento ilimitado e expansão macroeconômica.”
“Os alemães estão na posição de ter que escolher entre ajudar permanentemente aqueles que consideram como aproveitadores, ou romper com tudo, provocando uma imensa bagunça econômica e política.”
COMENTO: Krugman define-se na matéria como um liberal (mas no sentido das idéias do Partido Democrata americano), diferente da definição de liberal de Milton Friedman (que era do Partido Republicano). Na prática os dois partidos são semelhantes (liberal-democrata). O Democrata se denominando liberal e defendendo maior presença do estado (?), o Republicano mais perto do pensamento conservador em política e costumes, e da ortodoxia econômica (defende menor presença do estado na economia).  Devemos considerar que a maioria dos economistas americanos quando falam sobre a economia de seu país estão considerando ser os USA o emissor da moeda reserva mundial.
Na opinião acima dada a Martin Wolf, Krugman deixou de considerar o direito que os alemães têm de exigir o compromisso da ajuda ser condicionada a mudança de comportamento, ou seja, a adoção da responsabilidade fiscal (para evitar a ajuda permanente, inaceitável.).

Sobre o Fed: “...você trabalha com as expectativas. Acredito que o que você realmente precisa fazer é sinalizar que vai manter o pé no acelerador. Não importa se as pessoas não estão certas de que o Fed vai persistir no seu objetivo. Simplesmente precisam acreditar que vai chegar lá.”  Diz ainda: “Se o Fed fizer um comunicado afirmando que está reconsiderando seu ponto de vista sobre a meta de inflação, mesmo que não tenhamos um compromisso confiável de que eles vão conseguir chegar a uma inflação anual de 3,7% em cinco anos, isso ainda será uma ajuda.”  
Critica a idéia de que a credibilidade das políticas é importante. Sobre isto diz: “A credibilidade soa uma maravilha, mas as evidências de que a credibilidade antiinflacionária é de fato uma coisa importante no mundo real são basicamente nulas.”
Sobre bolhas: “Nação destruída pela recessão exige nova bolha para voltar investir.”
COMENTO: receita ao Fed influenciar as expectativas, mas critica a credibilidade (parece uma incongruência). Da mesma maneira que é uma incongruência definir-se como liberal e receitar maior presença do estado (maior tributação). Diferente dos “desenvolvimentistas” brasileiros aconselha o aumento da meta de inflação para 3,7% a ser alcançada em cinco anos. A responsabilidade fiscal está mais apertada do que a dos brasileiros denominados de ortodoxos.

quinta-feira, 31 de maio de 2012

O COPOM ERROU MAIS UMA VEZ.


COPOM DEMAGOGIA E INFLAÇÃO
O COPOM na reunião de 30/05 reduziu a Selic em 0,5%, para 8,5%. Pelas tabelas abaixo, apesar da crise, todos os índices listados ultrapassaram a meta, tanto no acumulado deste ano como mensalmente. Se a Selic ainda é considerada a principal ferramenta do BC para o controle da inflação, algo está errado, ou então o BC está prevendo uma piora da crise do EURO, com efeitos ainda maiores sobre a nossa economia.  A previsão de quase todos os racionais é de que a inflação deverá voltar mais forte ainda no segundo semestre. Devemos ressaltar que a subida do IPCA e dos IGPs aumenta o custo com juros para o TN, além de trazer insegurança e reduzir a previsibilidade da economia (amedronta novos investimentos).      
 IPCA - IGPM - AVISOS DA VOLTA DA INFLAÇÃO
IPCA - IPP - IGPM - IPAM - IPCM - IPA M (Ind. e Agric.)
DATA
i real
IGPM
IPP IPCA
IGP M
IPA M
IPC M
IPA  M
MÊS 12
meses
MÊS
12
meses
MÊS
12
meses
MÊS
12
meses
Prod. Ind.
Prod. Agric.
MÊS
12 meses
MÊS
12 meses
DEZ./11
0,84 -0,17 0,50 6,50
-0,12
5,10
-0,48
4,34
0,71
6,16
-0,36
4,78
-0,82
3,15
JAN./12
0,462 -0,43 0,56 6,22
0,25
4,53
-0,07
3,48
0,97
6,05
-0,49
3,67
1,10
2,98
FEV.
0,652 -0,42 0,45 5,84
-0,06
3,43
-0,26
1,99
0,27
5,63
-0,25
2,75
-0,28
-0,06
MAR.
0,218 1,05 0,21 5,24
0,43
3,23
0,42
1,76
0,48
5,47
0,22
2,58
0,97
-0,45
ABR.
-0,29
1,38 0,64 5,10
0,85
3,65
0,97
2,45
0,55
5,24
0,89
2,99
1,18
0,98
MAI.
-0,436
  0,36 4,99
1,02
4,26
1,17
3,62
0,49
4,81
1,29
3,57
0,85
3,75
 Obs: IPCA Meta 4,5%a.a; 0,367485% a.m. Em vermelho acima da meta. i real IGPM = CDI - IRRF 20% - IGPM. Abril e maio negativo (provoca a fuga da moeda mais juros para ativos que não moeda). IPP = ÍNDICE DE PREÇOS AO PRODUTOR.
ACUMULADOS 2012: EM MAIO TODOS ACIMA DA META (IPCA 21% ACIMA).
ACUMULADOS 2012: ÍNDICES E META DE INFLAÇÃO
ACUM. ATÉ
META IPCA IPC 10 IPC M IPC DI IGP 10 IGP M IGP DI IPA M INCC 10
04/2012 1,47806 1,87 2,288 2,29 2,288 1,089 1,47 1,95 1,05 2,0027
05/2012 1,85509 2,24 2,81 2,79 2,72 2,11 2,50 2,89 2,24 2,88
06/2012 x x x x   x x x x
META: 4,5% a.a; 0,367485% a.m; em vermelho acima da meta.


quarta-feira, 30 de maio de 2012

DESENVOLVIMENTISTAS, CRISE E CÂMBIO (VALOR)

DESENVOLVIMENTISTAS, CRISE E CÂMBIO (VALOR)
Delfim Netto (Valor 29/05/12): “Analistas culpam os países devedores (gastadores) pela crise que estamos vivendo, ressaltando a moderação virtuosa dos países credores.” “A crise foi construída pela desmontagem da regulação financeira aprovada nos anos 30 e pela péssima política monetária dos Bancos Centrais apoiada pela parte mais vocal e instrumentalizada da Academia.”
“Felizmente soubemos (o Brasil) aproveitar os últimos anos: 
1º) aprovando uma lei de Responsabilidade Fiscal que paradoxalmente fortaleceu nosso federalismo desregrado e criou, de fato, uma área monetária ótima; 
2º) um vento de cauda do comércio exterior que sem nenhum esforço exportador (continuamos a ter a mesma percentagem, 1,3%, que há 50 anos temos nas exportações totais) resolveu nosso problema externo.” “E isso é tudo que falta à zona do euro, a única moeda que não tem um país.”
Sugere que a Alemanha (que define como país virtuoso) contribua com: 
“1º) aumentando a sua demanda global para ajudar as exportações dos outros; 
2º) aceitando que o BCE cumpra o seu papel de emprestador de última instância; 
3º) aprovando a emissão de títulos solidários para atrair o setor privado no financiamento dos investimentos.”     

COMENTO: Condena os analistas que consideram a falta de responsabilidade fiscal (a desobediência às regras fundamentais da criação do Euro, déficit máximo de 3% e dívida pública de 60% do PIB) como a causa principal e primeira da crise. Em seguida se contradiz recomendando que copiem a responsabilidade fiscal (austeridade) do Brasil (Real). ATENÇÃO: para os analistas, a quem critica, a causa da crise seria a desobediência às regras básicas da criação do Euro. Define como causa da crise a desmontagem da regulação financeira aprovada nos anos 30. ATENÇÃO: não considerou a evolução dos fatos acontecidos após 30. O sistema cambial mundial evoluiu de fixo para variável (após o país emissor da moeda reserva mundial descumprir a regra da paridade dólar x ouro. Deixou flutuar.). Outras regras foram estabelecidas, maiores em quantidade e em complexidade, mas incapazes de sozinhas evitarem as crises (como todos de bom senso sabem). As crises são feitas por países (autoridades irresponsáveis) que não respeitam a responsabilidade fiscal ou monetária (no que concorda ao avesso). SUGERE ainda que a Alemanha aumente sua demanda (gastos públicos) indo de encontro à regra de responsabilidade fiscal. Esquece que o mercado alemão pode (e deve) ser atendido pelos produtores mais competentes (qualidade e preço) do mundo todo. Recomenda que o BCE empreste aos países (bancos) quebrados (quem irá pagar?), sem exigir como contrapartida a eliminação dos gastos insustentáveis (a maioria roubalheiras políticas e populista-demagógicas). E afinal recomenda que o BCE avalize a dívida dos quebrados (a emissão de títulos pelo BCE seria isto). É o mesmo que punir os responsáveis (alemães) a pagar as dívidas dos gastadores irresponsáveis, aumente sua taxa de juro e reduza a dos outros países, sem ter o direito de exigir que as gastanças (como definiu) sejam eliminadas.

L. C. Bresser P. e Nelson Marconi (Valor 29/05/12): “O mercado interno é o maior ativo que a economia de um país pode possuir; “  “... uma parcela dos economistas brasileiros prefere conviver com a sobreapreciação cambial existente, porque o custo de se colocar a taxa de câmbio no nível de equilíbrio (a do equilíbrio industrial, que torna competitivas as empresas industriais eficientes) implicará alguma redução dos salários reais e em aumento da inflação (ambos temporários).”   

COMENTO. CONSIDERAÇÕES SOBRE CÂMBIO.
Partindo das premissas: 
1) câmbio não aceita definições reducionistas; 
2) câmbio é função das expectativas (= visão de futuro, positivas, negativas, neutras, racionais, emocionais) dos agentes e que estas se formam baseadas em: 
a) segurança, credibilidade (das instituições e do governo), previsibilidade (sempre em primeiro lugar); 
b) balanço comercial (o brasileiro muito influenciado pelos preços das commodities); 
c) fluxo cambial comercial e financeiro (visão de futuro); 
d) saldo em transações correntes (visão de futuro); 
e) estoques de dólares no mercado interno e externo; 
f) movimento de capitais (visão de futuro); 
g) reservas cambiais (visão de futuro); 
h) as apostas (derivativos, posições vendidas ou compradas) dos bancos, se em volume superior ao que recomenda a prudência, podem influenciar a taxa de câmbio por um período curto (volatilidade). Apostas imprudentes são estimuladas por atuações indevidas dos BCs no câmbio futuro (a atuação previsível do BC entrando salvando prejuízos estimulam as imprudências dos bancos). 
i) às expectativas de inflação de cada moeda (à política monetária – juros - prudente ou imprudente); 
 3) o câmbio de equilíbrio é aquele que for bom para a maioria.  Nunca será bom para todos. Se for ruim para os consumidores não será bom para a economia;
4) Não existe liberalismo sem livre concorrência, nem consistentes ganhos de produtividade, competitividade e avanços tecnológicos, com reservas de mercados ou privilégios, qualquer que seja ele (inclusive proteção cambial, mesmo que escondido atrás de artificialismos); 
5) CÂMBIO FLUTUANTE COMO SOLUÇÃO DO MERCADO LIVRE (Milton Friedman). “A instabilidade das taxas de câmbio é um sintoma da instabilidade da estrutura econômica subjacente. A eliminação de tais sintomas pelo congelamento administrativo das taxas cambiais não corrige nenhuma das dificuldades subjacentes e só torna o ajustamento a elas ainda mais penoso.”

Os autores propõem um câmbio de equilíbrio industrial (parcial, portanto artificial e privilegia a parte mais rica da sociedade, inclusive os acionistas estrangeiros, quase sempre a maioria.). Definem o mercado interno como o maior ativo que uma economia pode possuir e ao mesmo tempo receitam a desvalorização da moeda pátria (se a desvalorização tem que ser conseguida com o abandono do sistema de câmbio flutuante pelo administrado, é artificial). Enfim: desvalorização artificial da moeda é igual à redução do poder de compra de todos (não apenas dos salários, mas inclusive das empresas que importam maquinários e tecnologias), que é igual à piora da qualidade vida, e ainda, é igual a reduzir o tamanho do mercado (que é o que dizem defender). Menor o mercado menor a atração de indústria. Na verdade defendem a ultrapassada política protecionista e os interesses dos exportadores (da maioria que tem altos lucros e não precisa de proteção, bem como da minoria que nunca conseguirá ser competitiva).