domingo, 2 de junho de 2019

RELAÇÃO POUPANÇA X TAXA BÁSICA X CONSUMO X INFLAÇÃO X CRESCIMENTO


RELAÇÃO POUPANÇA X TAXA BÁSICA X CONSUMO X INFLAÇÃO X CRESCIMENTO.

A taxa básica de juro é fixada pelos BCs tomando por base a taxa neutra (de equilíbrio ou natural), a que em princípio não afeta o equilíbrio das atividades - a harmonia entre a velocidade da oferta e da demanda -, a conjuntura passada, presente e a prospectiva.

Se fixada abaixo da neutra, em princípio, não atrai aplicações para o BC e não retira liquidez do mercado, podendo ser uma variável que em conjunto com outras atue ajudando a expandir as atividades.  

Se fixada acima da neutra atua atraindo aplicações para o BC, retirando liquidez dos mercados, reduzindo o excesso de atividades, as expectativas de inflação (os agentes econômicos podem postergar o consumo sem prejuízo com a inflação, pois os juros ex-ante estarão positivos) e os juros de mercado de longo prazo (a curva de juros fica negativa – inclinação negativa - na parte longa).
É notório que o poder da taxa básica é mais eficaz para reverter as expectativas de inflação e os juros de mercado de LP do que, sozinha, para aumentar as atividades.

QUANDO A TAXA BÁSICA É FIXADA ACIMA DA NEUTRA E NÃO SURTE EFEITO PARA REDUZIR AS EXPECTATIVAS DE INFLAÇÃO E OS JUROS NOMINAIS DE MERCADO DE LP? É necessário verificar se o país emite ou não moeda conversível e aceita pelo mundo como reserva de valor e refúgio (por ser a mais segura) nas crises de confiança. Alguns países perderam a confiança em suas autoridades monetárias e suas moedas perderam a função de reserva de valor (nestes casos a política monetária perde força e eficácia), os nacionais fazem suas aplicações em dólar (caso da Argentina). 
Normalmente a carga tributária atinge um nível máximo aceitável pela sociedade e a relação com a dívida pública e a previsão de saldos fiscais passa insegurança (cenários negativos). Alguns países chegaram a adotar o dólar como moeda corrente (abrem mão da soberania monetária), outros, apesar de dívida e carga tributária altas mantêm a confiança dos nacionais em suas moedas, mesmo com juros zero (ou negativos), caso do Japão (os agentes perderam muito no passado com bolhas de ativos que não a sua moeda e passaram a confiar mais nela do que se refugiar em outros ativos), onde os agentes preferem a liquidez segura e imediata de sua moeda.  

Os japoneses perderam muito com bolhas (década de 80. Crise imobiliária. A bolsa atingiu 40.000 pontos, em set./ 2008 estava em 12.000). Têm renda alta (baixa necessidade de consumo) e preferem poupar em sua moeda (evitar riscos desconhecidos). Os argentinos não acreditam em sua moeda, pois a função de reserva de valor deixou de existir. O BC para atrair aplicadores tem que pagar taxas desaconselháveis (a pol. monetária perdeu força). O Brasil se permitir que o cenário de política fiscal seja de déficits crescentes terá fuga para a aparente segurança do dólar (e suas consequências negativas).

Se o BC subir muito a taxa básica (para combater a perda de credibilidade) ele estará transferindo e aumentando a renda dos poupadores que continuarão buscando moedas estrangeiras para aplicações (desvalorizando a moeda nacional e pressionando a inflação). O efeito do aumento da renda dos poupadores sobre a demanda se compensa com as expectativas de redução da inflação e dos juros de LP (a demanda pode ser postergada) e com o aumento do custo dos financiamentos ao consumo (sobe no primeiro momento e contrai a demanda). Os investimentos estrangeiros fogem por falta de garantia para o capital investido (investem moeda forte e recebem moeda fraca perdendo com a desvalorização). Nestes cenários a diferença entre câmbio oficial e negro (livre) é muito alta. O Brasil ainda não chegou neste ponto, mas se a reforma da previdência não for aprovada chegará.       

SITUAÇÕES DIFERENTES DE PAÍSES (que têm impacto sobre a política monetária, cambial, externa e fiscal):

PAÍS
DÍVIDA/PIB
%
CARGA TRIB./PIB
%
A
20%
20%
B
50%
30%
C
100%
40%
D
200%
45%


QUANDO A TAXA BÁSICA É FIXADA ABAIXO DA NEUTRA E NÃO CONSEGUE AUMENTAR O NÍVEL DAS ATIVIDADES.
Insegurança quanto a cenários (conjuntura prospectiva negativa). Medo de desvalorização cambial afugenta investimentos estrangeiros. Os agentes por insegurança no emprego, desemprego, desconfiança na moeda, reduzem o consumo e investem em ativos que não a moeda pátria (fuga para outros ativos e risco de bolha). Os aplicadores de maiores valores e com mais expertise conseguem aplicar a taxa básica mais um % de over (na verdade a taxa básica passa a ser ela + um over). O TN para vender seus títulos tem que pagar taxa básica mais um over.

COMO SABER SE UMA TAXA BÁSICA ESTÁ ACIMA OU ABAIXO DA ADEQUADA? Quando o TN para vender seus títulos tem que pagar taxa básica mais um over significa que ela está abaixo da adequada.
Quando o TN conseguir vender seus títulos com taxa abaixo da básica significa que ela está acima da adequada.

E OS DÉFICITS PÚBLICOS? Se financiados em moeda pátria e os gastos são produtivos o problema é pequeno. Se não pressionam a inflação o problema também é pequeno. A vigilância tem que ser com os cenários (a visão de futuro, a conjuntura prospectiva). Se a credibilidade na segurança das contas públicas começa a cair, ajustes têm que ser feitos.   
MAG 01/2019

POR QUE O PIB DO BRASIL CRESCE POUCO?


POR QUE O PIB DO BRASIL CRESCE POUCO?

O modelo de previdência estatal diferenciado para trabalhadores da iniciativa privada (INSS) e os servidores públicos, municipal, estadual e federal (RPPS), com privilégios e mordomias insustentáveis no tempo. São poucas pessoas em relação ao INSS (4%) com influência na demanda agregada relativamente pequena. O sistema privado (INSS) com muitas desonerações, renúncias fiscais e assistência social inviabilizando-o. O INPS (previdência social) foi transformado em INSS (seguridade social) para absorver a demagogia da assistência social que o inviabilizou. O sistema de repartição vulnerável a corrupções inviabilizando o de capitalização (sabidamente o melhor e mais justo). São 30 milhões de trabalhadores INSS sustentando (ATRAVÉS DE TRIBUTAÇÃO GERAL) 2 milhões do serviço público. Os déficits ascendentes e insustentáveis (inviáveis) no tempo, faz as análises racionais de cenários (conjuntura prospectiva) terem como visão de futuro um quadro de grave crise econômica (a insegurança futura da moeda afasta investimentos externos). As expectativas ficam negativas. A credibilidade nas instituições, a segurança para o capital a investir, o ambiente de negócios e a previsibilidade desaconselham os riscos de novos investimentos. A crescente má distribuição da renda tendo como causa primeira e principal o custo dos altos salários e a previdência pública insustentáveis, com atividades improdutivas muito superior ao aceitável e as produtivas e necessárias deficientes, reduz a demanda agregada (desemprego e insegurança na manutenção dos atuais). Sem demanda agregada as expectativas ficam negativas, mas a causa principal é a previsão de agravamento da crise se a reforma da previdência não for feita ou for feita pela metade. Com um legislativo que fez as leis que impedem o Brasil de crescer negando-se a fazer as reformas necessárias sem levar vantagens (ministérios com verbas). Com a mídia, evidentemente parcial, passando mais insegurança, apesar de terem perdido o poder de influenciar nas eleições para o fenômeno das mídias sociais, influenciam negativamente quanto a segurança e previsibilidade de cenários (é o verdadeiro tiro no pé).

INVESTIMENTOS só ocorrem onde existe segurança para o capital (o risco da moeda é fundamental para investimentos externos) e expectativas positivas para o ambiente de negócios que justifiquem a relação risco/lucro. Os empregos para crescer exigem novos investimentos. Empregos e segurança quanto aos atuais motivam a demanda agregada (que motivam novos investimentos).

PONTOS POSITIVOS: o Brasil aprendeu a fazer política monetária e cambial responsáveis, tem quadros de qualidade no serviço público, basta motivá-los, órgãos de estado eficientes (nem sempre eficazes), população grande (210 milhões), demanda das famílias ainda não satisfeita (basta aumentar a renda e segurança nos empregos). É possível reverter o quadro de INSEGURANÇA E CRISE FUTURA para segurança e expectativas positivas, mas as reformas precisam ser feitas. Quem tem o poder de fazer as reformas (na verdade corrigir o que fez de errado no passado)? O poder legislativo. Quem tem o poder tem a responsabilidade. FAÇAM.
MAG 06/2019.

quinta-feira, 30 de maio de 2019

POLÍTICA MONETÁRIA – EFICÁCIA (INFLAÇÃO E CRESCIMENTO). 01/2007.


POLÍTICA MONETÁRIA – EFICÁCIA (INFLAÇÃO E CRESCIMENTO). 01/2007.

A experiência demonstrou que a Política Monetária é mais eficaz no combate à inflação (claro que a parceria com a política cambial e fiscal adequadas torna-a mais eficaz ainda) do que (sozinha) para motivar e conseguir crescimentos (aumentos consistentes das atividades econômicas). O crescimento depende de outras variáveis fundamentais que constituem também a relação das causas das atividades econômicas (Anatole Murad desenvolveu um estudo interessante sobre o assunto). A queda da taxa de juro (sozinha) não provoca, com certeza, o aumento dos investimentos, é apenas uma variável necessária. A contestação de que a política monetária pode criar um ambiente de expansão, como único fator, é unanimemente aceito (apenas leigos contestam este fato já comprovado). O reconhecimento das limitações da política monetária, de que ela não pode como único fator resolver os complexos problemas e interesses individuais da atividade econômica, não tira sua importância no quadro mais vasto da política macroeconômica.  
     
      O CRESCIMENTO SUSTENTADO EXIGE:

a)    uma adequada distribuição de rendas;
b)    a existência de fatores de produção (recursos naturais, capital, trabalho, tecnologia);
c)    a segurança institucional do capital investido, uma normatização (marco regulatório) adequada que passe segurança e motivação;
d)    vantagens ou desvantagens comparativas naturais e artificiais (leis adequadas, judiciário eficaz – rápido e justo - legislativo ou executivo que passem segurança);
e)     um sistema financeiro que proporcione segurança para as poupanças e que alimente as necessidades de financiamentos do consumo e dos investimentos;
f)     um sistema previdenciário que estimule a formação de poupanças e que não permita privilégios;
g)    contas públicas transparentes com publicações de balancetes mensais analíticos;
h)     gastos públicos improdutivos (atividades meio) sejam o menor possível em relação aos produtivos;

Os itens listados acima são fatores importantes e que devem ser analisados.

MAG 01/2007

EXPECTATIVAS, JUROS, CÂMBIO, EX-ANTE E EX-POST. 06/2009.


EXPECTATIVAS, JUROS, CÂMBIO, EX-ANTE E EX-POST. 06/2009.


Este texto foi escrito considerando uma economia como a brasileira, que não emite moeda conversível considerada como meio de pagamento (ou reserva de valor) internacional, mas é utilizada internamente (pelos nacionais e estrangeiros) como reserva de valor (mantém a função de reserva de valor com política monetária responsável), diferente dos países que emitem moeda conversível e dos que não conseguem ter a função de reserva de valor para suas moedas. 

SITUAÇÕES DIFERENTES DE PAÍSES (que têm impacto sobre a política monetária, cambial, externa e fiscal):


PAÍS
DÍVIDA/PIB %
CARGA TRIB./PIB %
A
20%
20%
B
50%
30%
C
100%
40%
D
200%
45%

A teoria econômica estuda causas, efeitos, tendências e o comportamento dos agentes e das variáveis econômicas, no tempo (a dinâmica, a evolução, o processo) e no ambiente (o país, o mundo, etc.). Apesar de basear-se em dados e fatos, de utilizar a matemática e a estatística como ferramentas, tem que considerar em seus estudos:
a) o tempo entre a ação (causa) e o efeito (início e duração);
b) as variáveis mais significativas (o máximo possível);
c) o ambiente (executivo, legislativo, judiciário, legislação, crenças e valores, etc.);
d) a conjuntura local e mundial;
e) os agentes econômicos e políticos;
f) as expectativas dos agentes.

O EQUILÍBRIO GERAL DA ECONOMIA (moeda, harmonia entre velocidades da procura e oferta), dos preços relativos (grupos de interesses), o crescimento sustentado, a melhoria da distribuição da renda e da qualidade de vida, a busca do maior nível de emprego sustentado possível e a estabilidade monetária, são objetivos das autoridades econômicas e governamentais. As crises econômicas provocadas por políticas monetárias incompatíveis com as fiscais, sempre começam com formação de bolhas nos preços de ativos que não moeda (imóveis, bolsas, dólar etc.). A origem das bolhas é a busca de proteção pelos agentes contra a desvalorização da moeda que deixa de cumprir sua função de reserva de valor (a desvalorização da moeda ser maior do que as taxas nominais de juros). Por ter que contemplar em seus estudos as ações dos governos e das pessoas (grupos com os mesmos interesses), a economia é considerada uma ciência social-política. Toda a sua lógica baseia-se no estudo do equilíbrio das forças econômicas (variáveis, agentes, mercados). A ideia de equilíbrio presume o desequilíbrio, as leis econômicas são dinâmicas (sempre um processo em andamento), são causais e condicionais (como todas as leis, requisitos são condições necessárias). Menor volatilidade (economia mais equilibrada) é igual a maior previsibilidade, facilita o planejamento e encorajam os investimentos, o crescimento é sustentável. Maior volatilidade, menor a previsibilidade (desencoraja os investimentos). Alarmar os agentes econômicos é mais fácil do que torná-los otimistas e racionais. Expectativas racionais (previsíveis pela teoria econômica) e expectativas de mercado (sofrem influências emocionais, psicológicas e de confiança nas autoridades) influenciam possíveis cenários econômicos. Expectativas do mercado: positivas, negativas, neutras, racionais, emocionais, crise de confiança.

EXPECTATIVAS: ex-ante, efetivamente planejadas, significa que negócios foram feitos e valores foram colocados em jogo. Ex-post, efetivamente realizado, é a verificação, passado o tempo, com o ex-ante (o efetivamente planejado com o efetivamente realizado).  
Exemplo: um agente econômico ao fazer uma aplicação financeira pode escolher entre: 
a) taxa pré fixa de juro;
b) taxa pré fixa de juro, menor, mais variação cambial;
c) taxa pré fixa de juro, menor, mais índice de inflação;
d) um % dos CDI.
Se escolher uma taxa pré fixa de juro pura, logicamente estará prevendo uma inflação ou variação cambial x ou y (menor que a taxa pré). 

EX-ANTE: Ao fazer uma aplicação por dois anos à taxa pré fixa nominal de 12% a.a. estará prevendo uma inflação menor do que o percentual pactuado. Se escolher uma taxa pré fixa de 6% mais IGPM, IPCA ou Var. Cambial, estará considerando a taxa escolhida como real (livre da inflação ou da Var. Cambial). Se escolher um % do CDI estará preferindo acompanhar a curva da taxa básica (Selic). Nas economias mais avançadas (sofisticadas) existe um mercado (bolsa) de negociação de títulos públicos e privados. As taxas pactuadas no dia a dia (na bolsa) formam a curva das taxas de juros nominais de mercado. No Brasil as taxas dos títulos públicos e privados são próximas. Se o governo passar a ser desacreditado (declarações políticas demagógicas) pelo mercado as taxas sobem (os agentes amedrontados fogem dos títulos públicos). Nos USA as taxas de juros dos títulos públicos (T-Notes, T-Bill) são menores do que as dos títulos privados (Prime, Libor). Por ser o dólar a moeda reserva mundial (existe estoque de poupanças em dólar dentro e fora dos USA). 

EX-POST: é quando passados os dois anos da aplicação o agente faz as contas, 12% a.a. com a inflação ocorrida e compara com as outras taxas não escolhidas (6% a.a. mais inflação ou x% do CDI).
Inúmeras causas afetam as expectativas quanto às taxas de juros e de câmbio, sendo que algumas podem ser listadas (mas fatos novos sempre poderão acontecer).
Uma série de taxas mensais reais de juros ex-post negativas ou menor do que a ex-ante é o pior dos mundos para o controle da inflação.

EXPECTATIVAS QUANTO AOS JUROS:
a) a taxa básica fixada abaixo da taxa de juro de mercado mais negociada acima de um ano (em geral semelhante à taxa neutra) aumenta as expectativas de inflação (e das atividades) e faz subir as taxas longas (a curva fica positivamente mais inclinada). Em cenário recessivo (insegurança institucional passada por autoridades governamentais incompetentes ou irresponsáveis e demagógicas) os juros de LP podem não subir por falta de demanda;
b) a taxa básica fixada acima da taxa de juro de mercado mais negociada acima de um ano reduz as expectativas de inflação (e atividades) e pode fazer cair as taxas longas de juros (a curva reduz a inclinação positiva);
c) a monetização da economia, em um primeiro momento, reduz os juros, mas no momento seguinte, as expectativas de inflação fazem subir as taxas longas;
d) os juros futuros nominais sobem quando as expectativas dos agentes sentem cheiro de inflação (neste caso sobem os juros nominais, os reais podem não subir no curto prazo, mas sobem no médio ou longo);
e) os juros futuros sobem quando o ambiente (e expectativas) está mudando de recessivo para de crescimento. Neste caso os juros reais que haviam caído começam a subir devido ao aumento da procura por financiamentos (mesmo que as expectativas de inflação sejam baixas). O inverso também pode acontecer;  
f) o aumento de entrada de moeda estrangeira (fluxo), com a consequente troca por moeda interna, monetiza a economia obrigando o BC a recolher o excesso (em um primeiro momento pode fazer as taxas de juros caírem e a moeda nacional valorizar);
g) o aumento do déficit ou do gasto público pode aumentar as taxas internas de juros;
h) a insegurança passada por declarações demagógicas ou incompetentes por parte de autoridades políticas ou governamentais aumenta as taxas de juros;
i) a possibilidade de vitória em eleição de candidato ignorante ou demagogo aumenta as taxas de juros;
j) uma taxa básica alta, mas inferior à necessária, é semelhante a uma dose insuficiente de antibiótico, pode fazer mais mal do que bem. Uma taxa superior à necessária também postecipa a demanda agregada e as atividades;
k) em geral os agentes econômicos se refugiam no dólar (ou outro ativo de liquidez rápida) quando percebem que a política monetária é considerada excessivamente expansionista ou demagógicas (normalmente antes das eleições);
l) se o BC fixar uma taxa básica abaixo da adequada só conseguirá vender seus títulos corrigidos por Selic com deságio. Exemplo: só conseguirá vender um título de R$ 1.000,00 corrigido por Selic com deságio (valor menor do que 1.000).  Os prazos tenderão a ser mais curtos. Se a Selic for fixada acima da adequada os títulos conseguirão ser vendidos com ágio (um título de 1.000 será vendido por 1.000 + ágio).  Os prazos tenderão a ser mais longos.
  
EXPECTATIVAS QUANTO AO CÂMBIO:
O preço (relação cambial) da mercadoria moeda é função dos movimentos do mercado (ofertas de compra e de venda). Podemos dizer que é função das expectativas (= visão de futuro, cenários positivos, negativos, neutros, racionais, emocionais) dos agentes. Estas se formam baseadas em:
a) credibilidade das autoridades monetárias ou políticas, segurança (sempre em primeiro lugar), volatilidade e previsibilidade;
b) balanço comercial (o brasileiro muito influenciado pelos preços das commodities e taxa básica);
c) fluxo cambial comercial e financeiro (visão de futuro);
d) saldo em transações correntes (visão de futuro);
e) estoques de dólares no mercado interno e externo;
f) movimento de capitais (visão de futuro);
g) reservas cambiais (visão de futuro);
h) As apostas (derivativos, posições vendidas ou compradas) dos bancos, se em volume superior ao que recomenda a prudência, podem influenciar a taxa de câmbio por um período curto (volatilidade). Apostas imprudentes são estimuladas por atuações indevidas dos BCs no câmbio futuro (a atuação previsível do BC entrando salvando prejuízo estimula as imprudências dos bancos);
i) às expectativas de inflação de cada moeda (à política monetária prudente ou imprudente, expansionista ou contracionista).   

TENTANDO PREVER CÂMBIO
A taxa de câmbio é resultado de expectativas e estas se formam baseadas em dados e fatos (e conhecimentos acumulados), que podemos listar como:

1)  Ambiente interno:
a)   SEGURANÇA (do ambiente, do país), sempre em primeiro lugar, volatilidade, previsibilidade;
b)   POLÍTICA CAMBIAL (FLUTUANTE OU FIXO);
c)    ESTOQUES DE DÓLARES, com agentes (bancos, exportadores, outros), com BC (reservas);
d)   APOSTAS (derivativos, swaps) NO MERCADO FUTURO (quem está vendido, quem está comprado, volumes);
e)   DEMANDA (a demanda para compras de dólares é maior do que a oferta?);
f)    TENDÊNCIA DO BALANÇO COMERCIAL (das exportações, das importações). O balanço comercial brasileiro é muito influenciado pelos preços das commodities e juro básico;
g)   TENDÊNCIA DAS TRANSAÇÕES CORRENTES DO BAL. DE PAGAMENTOS;
h)   TENDÊNCIA DA CONTA CAPITAL DO BAL. DE PAGAMENTOS;
i)     FLUXO CAMBIAL (comercial e financeiro);
j)     POLÍTICA MONETÁRIA E FISCAL, se expansionistas (aumenta importações e reduz exportações) ou contracionista (reduz importações podendo aumentar exportações);
k)   Diferencial entre taxa de juro interna e externa;
l)     Nível em que está a relação de trocas entre moedas. Real está considerado valorizado ou desvalorizado. Se está considerado valorizado reduz a atração, se considerado desvalorizado aumenta a atração;
m)  Expectativas políticas (o quadro passa segurança ou insegurança).  

2)    Ambiente externo:
a)      Política monetária e fiscal dos USA;
b)      Liquidez mundial de dólares;
c)      Situação de outros países concorrentes;
d)      Crise, aumenta a atração para o dólar, a moeda reserva mundial.

No Brasil a política monetária tem como função perseguir a meta da inflação. Acredito que deveria ter também como meta impedir que as taxas de juros de mercado de longo prazo subissem acima do aceitável.  
Marco Aurélio Garcia, BH. 06/2009.


domingo, 26 de maio de 2019

COMUNISMO E SOCIALISMO A DEMAGOGIA QUE CUSTOU VIDAS E EMPOBRECIMENTO. SOCIAL DEMOCRACIA E POPULISMO.




Carl Marx denominou sua teoria de socialismo científico e os outros autores de sua época de socialistas utópicos.
Para ele a evolução da sociedade ocorreria como a seguir:
      a)    o COMUNISMO PRIMITIVO inicial das tribos (propriedade comum) evoluiu para o FEUDALISMO (direito de propriedade, do lucro e proteção de profissões);
      b)    o feudalismo evoluiu para o CAPITALISMO (economia de mercado com concorrência). O capitalismo levaria à uma bem-sucedida evolução do proletariado (trabalhadores);
      c)    o proletariado iria impor o SOCIALISMOE o COMUNISMO seria a evolução do socialismo (uma utopia).

Como terminou? Em milhões de mortes e pobreza generalizada das nações que adotaram o sistema. A máxima, maior o poder maior a corrupção, aconteceu em todas as nações que adotaram o socialismo. Perderam a corrida do crescimento em relação aos países com economias de mercado (liberais).

Nikita Krushev (líder da URSS) antecipou o fim do socialismo com a frase: que sistema bom é este que temos que construir muros para que não fujam. Se fosse bom estaríamos construindo muros para que não entrassem.  Gorbachev e Yeltsin redemocratizaram a Rússia (acabaram com a URSS) eliminaram o totalitarismo e o sofrimento do povo. 

NA VERDADE EXISTEM DOIS SISTEMAS ECONÔMICOS:

a) CAPITALISMO LIBERAL OU ECONOMIA DE MERCADO: as democracias liberais, o estado democrático do direito. As experiências (com mais ou menos fidelidade ao pensamento liberal) ocorreram na Europa ocidental (socialismo na oriental), nos USA (socialismo na URSS), no Japão, em Hong Kong, em Cingapura, em Taiwan, na Coreia do Sul (socialismo na Coreia do norte);  

b) CAPITALISMO DE ESTADO (SOCIALISTA): socialismo ou comunismo, economia de planejamento centralizado. As experiências aconteceram sob a liderança da URSS (fracasso com empobrecimento das populações em relação aos USA e Europa Ocidental), na China (fracasso com empobrecimento em relação ao Japão, Hong Kong, Cingapura, Taiwan, Coreia do Sul e à própria China depois que se abriu para economia de mercado). A URSS desintegrou-se. A China adotou a economia de mercado e iniciou o caminho para o crescimento e a redução da pobreza.

SOB O ASPECTO POLÍTICO O SOCIALISMO ADOTA A DITADURA (domínio de elite burocrática e militar): defendem um poder proeminente, o executivo. A ditadura é definida obedecendo a linha de pensamento econômico, planejamento centralizado (que exige o poder nas mãos de poucos). Sabemos que maior o poder maior a possibilidade de corrupção. O poder total sempre leva à corrupção total (centralizada). O comunismo e o socialismo defendem a ditadura como forma de governo. Diversos nomes absorvem a esquerda: socialismo (o principal), comunistas (os radicais) e os que tentam confundir (socialismo e liberdade).  
Como o Socialismo adota a economia de planejamento centralizado (o poder nas mãos de poucos) o poder também o é. É este o motivo de pregar a ditadura como forma de governo ao invés da democracia. A centralização do poder é a antítese da democracia.

SOCIALISMO E SOCIAL DEMOCRACIA: alguns por ignorância, a maioria por demagogia política (e acadêmica, com apostilas toscas) tentam confundir Socialismo com Social Democracia. Na verdade, Social Democracia foi um termo demagógico utilizado pela direita para enfrentar a esquerda politicamente (demagogia contra demagogia).

CENTRO quer dizer que não é nada, sem opinião. Na prática centro, centro direita e centro esquerda são direita que tentam absorver votos da esquerda (são populistas demagogos que têm como foco o poder pelo poder).  

POPULISMO é a política fundada no aliciamento das classes sociais de menor capacidade de análise e de poder aquisitivo (a massa de manobra sempre enganada). O populista é carismático, tem boa fluência verbal, boa oratória, fala o que o povo quer ouvir e não o que pensa. EM RESUMO: POPULISTA É MENTIROSO, É DEMAGOGO E DESONESTO. Quem acredita no que fala não pode ser denominado de populista.

 
A PRÁTICA DEMONSTROU QUE OS PAÍSES QUE ADOTARAM O SISTEMA SOCIALISTA PARA SUAS ECONOMIA EMPOBRECERAM. MOTIVOS PRINCIPAIS:

a)    A MELHORIA CONTÍNUA, OS GANHOS DE PRODUTIVIDADE E AS INOVAÇÕES ACONTECEM MAIS RAPIDAMENTE EM AMBIENTES ONDE EXISTE CONCORRÊNCIA (economias de mercado, onde a concorrência prevalece, liberais). O MERCADO E A  CONCORRÊNCIA ESTIMULAM E OBRIGAM A LUTA PELA SOBREVIVÊNCIA, PELO LUCRO, MOTIVANDO A MELHORIA CONTÍNUA, AS INOVAÇÕES E OS CONSTANTES GANHOS DE PRODUTIVIDADE;

b)    A FALTA DE LIBERDADE E DE INFORMAÇÃO (imprensa livre, propaganda, comunicação, telefonia, internet, livros) E DO DIREITO DE IR E VIR DIFICULTAM O DESENVOLVIMENTO EM RELAÇÃO AOS PAÍSES LIBERAIS;

c)    ECONOMIAS (PAÍSES) DOMINADAS POR CORPORAÇÕES (empresas e grupos protegidos e privilegiados) E PROTECIONISMOS (segmentos que só sobrevivem protegidos por leis ou subsídios) TÊM MENOR RENDA PER CAPTA E PIOR QUALIDADE DE VIDA;

d)    Os países que adotaram o Socialismo (inclusive as ditaduras socialistas que demagogicamente adotaram o vocábulo democracia) perderam a corrida pelo crescimento e o desenvolvimento econômico. O povo perdeu qualidade de vida, empobreceu.   MAG 2011

LEIAM:
https://mageconomia.blogspot.com/2019/04/direita-liberais-conservadores-esquerda.html 

https://mageconomia.blogspot.com/2019/04/esquerda-ou-direita-entenda.html 

sábado, 4 de maio de 2019

A INFLAÇÃO AFETA O CÂMBIO ANTES DE AFETAR OS PREÇOS INTERNOS (INÉRCIA DE PREÇOS).



A INFLAÇÃO AFETA O CÂMBIO ANTES DE AFETAR OS PREÇOS INTERNOS (INÉRCIA DE PREÇOS).

Sabemos que:

a)    não há taxa de juros, mesmo que negativa (+ i - % inflação = - i), capaz de fazer crescimento sustentado e reanimar uma economia. A taxa de juro é apenas uma variável das mais importantes. Existe a inércia inflacionária (conhecida pelos brasileiros) e a de preços (tipo uma inflação retardada, diferente da reprimida);

b)   A INFLAÇÃO AFETA O CÂMBIO ANTES DE AFETAR OS PREÇOS INTERNOS (INFLAÇÃO E CÂMBIO SÃO EFEITOS, SÃO GÊMEOS, UM AFETA O OUTRO);

c)    não existe inflação que perdure sem expansão monetária e demanda que a sustente;

d)    EXPANSÃO MONETÁRIA: nos países que não emitem moeda conversível (reserva) a expansão monetária acima do PIB potencial é causa de inflação;

           e)     FATORES DE PRODUÇÃO (pleno emprego): não existindo pleno emprego dos      fatores de produção (trabalho, capital, recursos naturais, tecnologia), o aumento dos gastos do governo (G e I) e a expansão da liquidez, direcionados a investimentos eficazes e de maturação de médio prazo, não provocam inflação, podendo ser uma medida benéfica e de estímulo à economia (estimula a procura global, os investimentos e a produção);
     

f)     NUNCA ACONTECEU UM PROCESSO INFLACIONÁRIO SEM EXPANSÃO MONETÁRIA E DEMANDA QUE O SUSTENTASSE. A EXPANSÃO MONETÁRIA É CAUSA DE INFLAÇÃO DEPENDENDO DE CADA PAÍS (e da conjuntura dos mesmos). O que aprendemos de novo é que a expansão monetária sozinha não provoca crescimento nem inflação em país que emite moeda reserva mundial (basta que a aceitação da moeda se expanda para outros países);

g)    TAXA BÁSICA E INFLAÇÃO (aumentos e reduções):
a) taxa básica alta, mas abaixo da adequada piora a inflação, é semelhante a altas doses de antibióticos, mas abaixo do necessário (piora a infecção);
b) em um processo inflacionário (inflação ascendente) enquanto os aumentos graduais da taxa básica não ultrapassarem o juro de equilíbrio (neutro), a inflação e o aumento dos juros ocorrem simultaneamente;
c) após revertido o processo inflacionário a inflação e a taxa básica (quedas graduais) caem simultaneamente;
d) um governo acreditado necessita de taxas básicas menores e por menos tempo do que um desacreditado;
e) com superávits primários ou relação dívida PIB estável é mais fácil reverter um processo inflacionário (inclusive as taxas de juros nominais de mercado são mais baixas).

O COPOM não pode deixar o processo inflacionário se reinstalar (e fortalecer) com taxa básica paliativa que afetará mais o câmbio e a credibilidade do BC, para no futuro próximo exigir mais do que no momento. MAG 05/2019.