RELAÇÃO
POUPANÇA X TAXA BÁSICA X CONSUMO X INFLAÇÃO X CRESCIMENTO.
A
taxa básica de juro é fixada pelos BCs tomando por base a taxa neutra (de
equilíbrio ou natural), a que em princípio não afeta o equilíbrio das
atividades - a harmonia entre a velocidade da oferta e da demanda -, a
conjuntura passada, presente e a prospectiva.
Se
fixada abaixo da neutra, em princípio, não atrai aplicações para o BC e não
retira liquidez do mercado, podendo ser uma variável que em conjunto com outras
atue ajudando a expandir as atividades.
Se
fixada acima da neutra atua atraindo aplicações para o BC, retirando liquidez
dos mercados, reduzindo o excesso de atividades, as expectativas de inflação
(os agentes econômicos podem postergar o consumo sem prejuízo com a inflação, pois os juros ex-ante estarão positivos) e os juros de mercado de longo prazo (a curva de juros fica
negativa – inclinação negativa - na parte longa).
É
notório que o poder da taxa básica é mais eficaz para reverter as expectativas
de inflação e os juros de mercado de LP do que, sozinha, para aumentar as
atividades.
QUANDO
A TAXA BÁSICA É FIXADA ACIMA DA NEUTRA E NÃO SURTE EFEITO PARA REDUZIR AS
EXPECTATIVAS DE INFLAÇÃO E OS JUROS NOMINAIS DE MERCADO DE LP? É
necessário verificar se o país emite ou não moeda conversível e aceita pelo
mundo como reserva de valor e refúgio (por ser a mais segura) nas crises de confiança.
Alguns países perderam a confiança em suas autoridades monetárias e suas moedas
perderam a função de reserva de valor (nestes casos a política monetária perde
força e eficácia), os nacionais fazem suas aplicações em dólar (caso da
Argentina).
Normalmente a carga tributária atinge um nível máximo aceitável pela sociedade e a relação com a dívida pública e a previsão de saldos fiscais passa insegurança (cenários negativos). Alguns países chegaram a adotar o dólar como moeda corrente (abrem mão da soberania monetária), outros, apesar de dívida e carga tributária altas mantêm a confiança dos nacionais em suas moedas, mesmo com juros zero (ou negativos), caso do Japão (os agentes perderam muito no passado com bolhas de ativos que não a sua moeda e passaram a confiar mais nela do que se refugiar em outros ativos), onde os agentes preferem a liquidez segura e imediata de sua moeda.
Normalmente a carga tributária atinge um nível máximo aceitável pela sociedade e a relação com a dívida pública e a previsão de saldos fiscais passa insegurança (cenários negativos). Alguns países chegaram a adotar o dólar como moeda corrente (abrem mão da soberania monetária), outros, apesar de dívida e carga tributária altas mantêm a confiança dos nacionais em suas moedas, mesmo com juros zero (ou negativos), caso do Japão (os agentes perderam muito no passado com bolhas de ativos que não a sua moeda e passaram a confiar mais nela do que se refugiar em outros ativos), onde os agentes preferem a liquidez segura e imediata de sua moeda.
Os japoneses
perderam muito com bolhas (década de 80. Crise imobiliária. A bolsa atingiu
40.000 pontos, em set./ 2008 estava em 12.000). Têm renda alta (baixa
necessidade de consumo) e preferem poupar em sua moeda (evitar riscos
desconhecidos). Os argentinos não acreditam em sua moeda, pois a função de
reserva de valor deixou de existir. O BC para atrair aplicadores tem que pagar
taxas desaconselháveis (a pol. monetária perdeu força). O Brasil se permitir que
o cenário de política fiscal seja de déficits crescentes terá fuga para a
aparente segurança do dólar (e suas consequências negativas).
Se
o BC subir muito a taxa básica (para combater a perda de credibilidade) ele estará transferindo e aumentando a renda dos
poupadores que continuarão buscando moedas estrangeiras para aplicações (desvalorizando
a moeda nacional e pressionando a inflação). O efeito do aumento da renda dos poupadores sobre a demanda se compensa com as expectativas de redução da inflação e dos juros de LP (a demanda pode ser postergada) e com o aumento do custo dos financiamentos ao consumo (sobe no primeiro momento e contrai a demanda). Os investimentos estrangeiros
fogem por falta de garantia para o capital investido (investem moeda forte e
recebem moeda fraca perdendo com a desvalorização). Nestes cenários a diferença
entre câmbio oficial e negro (livre) é muito alta. O Brasil ainda não chegou
neste ponto, mas se a reforma da previdência não for aprovada chegará.
SITUAÇÕES DIFERENTES DE PAÍSES (que têm impacto
sobre a política monetária, cambial, externa e fiscal):
PAÍS
|
DÍVIDA/PIB
%
|
CARGA
TRIB./PIB
%
|
A
|
20%
|
20%
|
B
|
50%
|
30%
|
C
|
100%
|
40%
|
D
|
200%
|
45%
|
QUANDO
A TAXA BÁSICA É FIXADA ABAIXO DA NEUTRA E NÃO CONSEGUE AUMENTAR O NÍVEL DAS
ATIVIDADES.
Insegurança
quanto a cenários (conjuntura prospectiva negativa). Medo de desvalorização
cambial afugenta investimentos estrangeiros. Os agentes por insegurança no
emprego, desemprego, desconfiança na moeda, reduzem o consumo e investem em
ativos que não a moeda pátria (fuga para outros ativos e risco de bolha). Os
aplicadores de maiores valores e com mais expertise conseguem aplicar a taxa
básica mais um % de over (na verdade a taxa básica passa a ser ela + um over).
O TN para vender seus títulos tem que pagar taxa básica mais um over.
COMO
SABER SE UMA TAXA BÁSICA ESTÁ ACIMA OU ABAIXO DA ADEQUADA? Quando o TN para
vender seus títulos tem que pagar taxa básica mais um over significa que ela
está abaixo da adequada.
Quando
o TN conseguir vender seus títulos com taxa abaixo da básica significa que ela
está acima da adequada.
E
OS DÉFICITS PÚBLICOS? Se financiados em moeda pátria e os gastos são produtivos
o problema é pequeno. Se não pressionam a inflação o problema também é pequeno.
A vigilância tem que ser com os cenários (a visão de futuro, a conjuntura
prospectiva). Se a credibilidade na segurança das contas públicas começa a cair,
ajustes têm que ser feitos.
MAG
01/2019