A SELIC E A RELAÇÃO COM A CONJUNTURA PROSPECTIVA (cenário), COM A CURVA DE JURO DE MERCADO E COM O DI 360. (www.magconsultoria.uaivip.com.br).
Lembrando Wicksell e Fisher (teoria):
2.2) WICKSELL - FISHER: Wicksell disse que um processo inflacionário se constata quando a taxa natural de juros (neutra, de equilíbrio) inicia uma tendência de alta. A causa dos processos inflacionários são os juros de mercado baixos em relação ao natural (neutro ou de equilíbrio). Fisher complementa o raciocínio introduzindo o conceito de comparação entre os juros de mercado (nominal, ex-ante, fruto das expectativas de inflação, efetivamente planejado.), com o juro acontecido (real, ex-post, efetivamente realizado.). Se as expectativas de inflação são maiores do que os juros de mercado é o pior dos mundos para o processo inflacionário. Para ele a inflação alimenta a expectativa de que os preços continuarão a subir.
Voltando aos dias de hoje:
1) BOM SENSO: os agentes (os mais leigos e os mais experts) detentores de recursos (renda mensal ou poupança) fazem a conta expectativa de inflação com os juros oferecidos para suas aplicações. Neste processo de decisão olham também o passado, comparando o rendimento de suas aplicações com a inflação ocorrida (juro real ex-post). Se o juro real ex-post dá um resultado negativo a tentação de buscar refúgio em outros ativos ou consumo é enorme (demanda = consumo ou investimentos). Bolhas podem se formar, principalmente em imóveis ou moedas reservas (no caso atual com a desmoralização do dólar e do euro refugiaram-se no ouro).
2) TAXA DE JURO DE EQUILÍBRIO (achismo ou um conceito racional): por bom senso temos que concordar que a taxa de juros de equilíbrio tem que estar contida em um ponto da curva de juros de mercado (fora da curva seria o máximo de artificialismo e achismo, o que chamo de pensamento mágico). Ainda por bom senso temos que concordar que o ponto da curva de juro de mercado mais negociado (maior volume de dinheiro colocado em jogo pelos agentes) é o mais próximo da taxa de equilíbrio (neutra). No Brasil nos últimos anos esta taxa está sempre próxima dos DI 360 (taxa de 1 ano).
3) TAXA BÁSICA: ainda por bom senso e seguindo o conceito de utilização da taxa básica (reduzir o excesso de liquidez do mercado, retirar moeda de circulação), temos que concordar que com uma conjuntura prospectiva internacional com grande possibilidade de crescimento do PIB menor do que o da população (PIB per capta negativo), com o principal segmento industrial nacional (automobilístico) dando férias coletivas por excesso de estoque, o mais correto seria uma taxa básica menor do que a de equilíbrio (no caso atual brasileiro o DI 360). Se o BC fixar uma taxa básica maior do que a taxa de mercado de 1 ano o mercado aplicará suas rendas e sobras (poupanças) nele (se paga mais e é o mais seguro?). Isto é igual a reduzir a quantidade de moeda do mercado (o que Milton Friedman condenou, definindo como o caminho para a recessão e depressão). Claro que com conjuntura com crescimento acima do potencial (inflação ascendente) a taxa básica deve ser fixada acima do ponto neutro.
4) JUROS REAIS EX-POST 2010 E 2011: em 2010 a taxa básica selic (critério CDI - 20% de IRF – IGPM) ficou negativa 10 meses (apenas dois meses positiva). Como retirar moeda do mercado? Claro que a inflação iria entrar em processo ascendente. Já em 2011 os CDIs 360 ficaram negativos apenas em jan. e fev., mudando para positivo de mar. a ago. (veja tabelas e gráficos abaixo). Como a imprensa e economistas do mercado falam que a Selic (taxa básica ex-ante) está positiva acima de 6% a.a (claro que erram na previsão da inflação e desconsideram o IRF) caímos no que Fisher definiu como o pior para o controle dos preços, ou seja inflação ocorrida maior do que a esperada (projetada). Selic (juro real ex-ante) noticiado de 6% a.a e o juro real ex-post negativo (os agentes consideram efetivamente o líquido recebido). O que de fato antecipa a demanda é a comparação do juro líquido recebido com a inflação projetada e com a ocorrida (se negativa há vários meses, os agentes refugiam-se em outros ativos ou no consumo).
5) COPOM 31/08/2011: a Selic foi reduzida para 12%. o i real IGPM novamente positivo. O DI 360 caiu para 11,22%, 0,78% menor do que a Selic (é igual política monetária contracionista).
6) REGIME DE METAS DE INFLAÇÃO:
a) A eficácia da política monetária depende em grande medida da sua CREDIBILIDADE;
b) Uma COMUNICAÇÃO eficaz e o compromisso com a TRANSPARÊNCIA são fundamentais;
c) A coordenação das EXPECTATIVAS exige explicações racionais e consistentes por parte do BC;
d) O BC determina a taxa de juros de curtíssimo prazo (TAXA SELIC), mas a transmissão da política monetária se dá por meio das taxas de mercado em diferentes horizontes, que não são controladas pela autoridade monetária;
e) é possível ocorrer um descasamento entre a taxa selic e as taxas de mercado, se os agentes antecipam mudanças da política monetária, ou em períodos de incerteza ou ainda em períodos em que a política monetária perde CREDIBILIDADE.
PERGUNTO: onde está o compromisso do COPOM em avisar aos bancos sobre a taxa básica futura? Apenas quando publica o viés existe este compromisso. Portanto o BC não errou por este critério. É bem verdade que o COPOM agiu preventivamente quando até esta decisão vinha agindo tempestivamente.
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